Inle lake

Inle é um grande lago de água doce entre montanhas na região de Taunggyi, no Myanmar. A cidade base para visitar o lago é Nyaungshwe e o aeroporto de descida é Nyaung U. Do aeroporto, a melhor opção é pedir um taxi para percorrer os 50km até Nyaung Shwe. A corrida vai te custar cerca de K25.000 (~USD 20) e leva 45 minutos.

No caminho, você vai precisar pagar uma taxa extra de acesso à área turística do lago de USD 20 – guarde o ticket que receber, pois ele pode ser pedido posteriormente. Curiosamente, quando fomos parados na barreira para pagarmos, o policial que nos atendeu perguntou de onde éramos e, ao falarmos que somos brasileiros, ele já abriu sorrisão e começou a tentar falar em inglês com Rafa sobre o Ronaldinho. Demos o dinheiro, ele olhou, contou e devolveu tudo! Ficamos sem entender se não era ali que pagávamos, mas depois encontramos um casal de brasileiros (que conhecemos no avião e foram nossos parceiros em Inle – e depois reencontramos em BKK!) que foi parado no mesmo posto e pagou a taxa… demos sorte com o jovem birmanês e sorte porque ninguém nos pediu o tal ticket.

Tiramos dois dias quase inteiros para a região e é o tempo necessário. No primeiro dia, chegamos por volta da hora do almoço e, após comermos, pegamos uma bike no hotel (eles alugam baratinho) e fomos explorar a região, suas plantações, cavernas e a vinícola Red Mountain.

Antes passamos do porto e de algumas lojas para procurarmos um barqueiro para o passeio do dia seguinte. Não feche negócio com qualquer barqueiro, peça indicações ao hotel e tente fechar uma turma com outro casal de hospedes. A dica de ouro é combinar seu itinerário antes de começar o tour. Os preços variam, mas giram em torno de K15-20.000 cada para barcos mais privativos, com até cinco pessoas.

Fomos literalmente sem rumo, passando pelo centro, parando em uma feira e algumas lojinhas. Seguimos mais ou menos na direção da vinícola pelos caminhos entre as plantações e chegamos a uma caverna com algumas estátuas de Buda.

Da caverna, seguimos em direção à vinícola. O caminho é um pouco puxado, com uma subidinha íngreme pelo caminho que fomos (na volta descobrimos um caminho por uma estrada cimentada, bem mais suave e menos inclinado!). A dica é se programar para ver o pôr-do-sol de lá. Você tem a opção de pedir a degustação de quatro vinhos diferentes por K5.000 ou comprar uma garrafa inteira a partir de K10.000. O local é bem agradável, definitivamente vale a pena.

A noite fomos a um restaurantezinho indiano (Inlay Hut Indian Food) na esquina do hotel. O dono adora rap (louco pelo Eminen, bem maluquinho e receptivo) e o local é bem descolado. A comida é mara!!!

No dia seguinte fomos ao passeio pelo lago! Fechamos um passeio das 8:30 às 17:00 e dividimos com o casal de brasileiros que conhecemos no dia anterior. O “x” da questão é que o barqueiro com o qual fechamos, o qual falava perfeitamente inglês e concordou em fazermos um roteiro mais diferente que o padrão, era o dono do barco e não o barqueiro que nos acompanharia (e só nos falou na hora, óbvio). Ele mandou um jovem nos levar e o coitado não entendia nem “hi”, que dirá entender onde queríamos ir e o que não queríamos fazer.

Aqui vale uma explicação: o passeio padrão basicamente é um passeio entre lojas. Você para em uma loja de tabaco, uma loja de joias, uma loja de lenços e por ai vai. Além disso, logo na entrada do lago, ficam vários barqueiro fingindo pescar, literalmente só pousando para fotos e pedindo gorjeta e os barqueiros ficam lá um tempão… Não temos essa vibe de ir pingando de loja em loja (todas caras por sinal), então pesquisamos e montamos um roteiro mais alternativo (com algumas lojas sim, mas não tantas!).

 

O que fizemos, na ordem:

Vila Ywama (5 days Market): o mais famoso mercado flutuante fica localizado na Vila de Ywama, a maior de Inle Lake. O local exato pode mudar durante o dia por conta do sol, mas fica sempre próximo da Phaung Daw Oo pagoda. Vale chegar bem cedo, para evitar multidões. Muitos vendedores são da etnia Pa’O, a segunda maior população de Myanmar, facilmente identificados pela sua vestimenta (a roupa tradicional das mulheres Pa’o consiste em um look todo preto, com turbantes coloridos na cabeça). A feirinha de lá é bem legal, uma mistura de feira de alimentos, posto de combustível, peixaria e muito souvenier. A regra é negociar sempre, os preços caem pela metade com muita facilidade. Compramos um pequeno presépio esculpido à mão lindíssimo!

Para chegar lá são quase 1h de barco. Passamos por pescadores (fake e reais, mas os reais com sarrafo mesmo) e também passamos próximos a uma vila construída com a alga do fundo do lago. Lá haviam alguns barcos de homens que coletavam essas algas do fundo e jogavam no barco em um balé interessante, sempre remando com os pés. A atividade de coleta da alga é necessária para evitar sua proliferação exagerada e tambem porque ela é usada como “chão” daquela vila, sendo esta uma tarefa comunitária.

Fábrica de barcos: uma lojinha onde os barcos e cestas de pesca típicas são produzidos. Interessante porque foi onde nos explicaram de fato como é que se pesca com aquela espécie de cesto.

Vilarejo de Nampan: Esse vilarejo é um dos maiores do lago e o ponto alto fica com o santuário de Alodaw Pauk. Várias fábricas ficam ali, mas não vale a parada. O legal mesmo é ir navegando entre os canais e vendo as diferentes casas em palafita e a população seguindo a vida. As cores do local são lindonas.

Fábrica de Seda: a flor de lótus é usada para extração de um tipo de seda vegetal que dá origem a várias peças. Acredita-se que usar uma peça de roupa com essa matéria-prima ajuda a expulsar coisas ruins da sua vida. Eu que amo lenços estava ansiosa para ter uma preciosidade dessas e imaginava que iria ter que pagar um pouco a mais por isso… maaaasss uma peça bem pequena e feita com um misto de linho comum e a seda de lótus (nem é ela pura!) custa um rim e dois pulmões. Para deixar claro, estamos falando de 200 dólares por um lenço que não dava nem para dar uma volta no pescoço. A parada vale a pena, o processo de fabricação é bem bacana.

Phaung Daw U Pagoda (Phaungdawoo Pagoda): em termos de pagoda, essa é a que vale a pena parar em Inle. Conhecida como casa dos cinco budas de ouro por ter cinco estátuas que ao longo dos anos ganharam tantas folhas de ouro que se transformaram em cinco bolotas irreconhecíveis.

Almoçamos em um restaurante que o barqueiro parou (não tivemos poder de escolha). A comida não estava ruim e o preço não era fora do padrão, então ok.

Vila Indein (Inn Thein): parada mais legal do dia, reservar tempo!  Nessa vila você pode visitar algumas das pagodas mais antigas do Myanmar, como Nyaung Oak e Shwe Inn Thein Paya – com suas centenas de estupas (Jungle Stupas) em diferentes estados de conservação. São mais de mil estupas super antigas que vem sendo restauradas aos poucos por doadores de todo o mundo. É possível chegar até as estupas “por fora”, passando por templos mais antigos, ou por dentro de uma espécie de grande corredor coberto com várias barraquinhas de souveniers. Suba por fora e desça por dentro. Indein é longe do centro do lago e não está no pacote comercial padrão, negocie. A paisagem para chegar lá é bacana, com búfalos e pessoas tomando banho nos canais (inclusive na volta estamos caçando nosso barqueiro e eis que ele chega todo molhado correndo – ele estava tomando banho!).

Monastério Nga Phe Kyaung: o mais antigo do lago.  Monastério conhecido como “jumping cat monastery” por causa de um monge que treinava os gatos para pular arcos em troca de comida. Hoje em dia os gatos não fazem mais nada, mas vale a visita.

Fábrica de linho: paramos em uma fábrica de seda/linho na qual mulheres da etnia Karen (mulheres-girafa) trabalham. Essa etnia é natural de Myanmar e foi muito prejudicada e “caçada” ao longo dos anos. Não fomos na comunidade que há perto de Chiang Mai por ouvir coisas ruins a respeito da forma com que são tratados, mas achamos que estando em Myanmar seria uma boa oportunidade. Engano. Haviam duas mulheres e uma criança apenas e elas estavam lá sendo fotografadas. Nada natural, nada ético.

Jardins Flutuantes: Uma das principais fontes de renda do povo é a venda de produtos agrícolas plantados dentro do lago, apoiados em estacas de madeira. Interessante de passar.

Os pescadores de Inle lake: os famosos  “pescadores bailarinos” de Inle hoje pescam com redes em sua maioria. Mas eventualmente é possível ver alguns pescando de verdade com os cestos tradicionais ao cair da tarde. Já quase no fim do dia, acabamos encontrando um e ficamos observando-o enquanto víamos o sol cair.

Um dia em Doha (stopover no Qatar)

Como voamos com a Qatar Airlines e nossos voos tinham 23h de escala, aproveitamos para fazer um stopover em Doha, a capital do país. Demos sorte e pegamos uma promoção do governo em parceria com a companhia aérea, a chamada Discovery Qatar, e acabamos ganhando a hospedagem no Hilton!

Chegamos lá por volta das 10:00 e fomos para o hotel. Como o Rafa estava passando mal há dois dias, resolvemos pegar mais leve e fizemos relativamente poucas coisas que estavam no nosso roteiro. Mas na verdade foi ótimo porque tentar cobrir mais coisas seria uma correria desnecessária!

Por volta das 11:30 pegamos um Uber (funciona super bem no país e é barato, acabamos fazendo todos os deslocamentos de Uber, tudo entre 20-30 QR) para almoçar no Villagio Shopping Mall: um shopping que mimetiza Veneza. Vou dizer uma coisa, estava cética (e só fomos mesmo porque shoppings tem bons banheiros e o Rafa podia precisar rsrs), mas ao abrir a porta meu queixo caiu! O lugar é muito legal e bem feito! O teto é pintado como o céu de forma que, a medida que você anda, tem a sensação que as nuvens estão se movendo. A pintura também tem tons diferentes ao longo dos corredores, então é como se estivesse passeando e o sol estivesse se ponto, com a noite caindo, muito show! Foi lá que comemos o melhor quebab da vida, infelizmente não lembro o nome, mas foi em um restaurante normal de praça de alimentação.

Aproveitamos e também fizemos algumas comprinhas no supermercado que tem dentro do shopping. Produtos de beleza da Loreal, chocolates e temperos com uma variedade incrível e um preço menor do que em qualquer outro local que vimos, vale muito a pena! O resto do shopping esqueça, tudo custa um rim.

Saímos de lá por volta das 14:30 e fomos para o Museu de Arte Islâmica. A entrada é gratuita e o local é imperdível! O prédio em si é lindo, uma arquitetura que te faz realmente lembrar que está no oriente, com uma vista linda do skyline mega moderno da cidade.

O museu é separado em andares, com temáticas e exposições que contam a história do islamismo e das civilizações do oriente-médio. No primeiro andar fica a galeria de exibições especiais, o auditório, a loja de presentes (coisas de bom gosto extremo), o café com vista para o mar e a biblioteca. No segundo andar ficam as exibições de artes e ciências, com especial atenção às peças de decoração inteiramente em jóias e pedras preciosas, simplesmente de cair o queixo. O terceiro andar é o mais interessante e suas exibições estão divididas por países e datas, contendo peças do Egito, Síria, Índia, Irã, Ásia Central e Turquia. No quarto andar fica a galeria de exibições temporárias e o mini auditório.

De lá fomos andando até a Mesquita Fanar, super original, uma arquitetura que chama a atenção: uma grande espiral, que dizem os qatares, ser igual olhando de todos os lados. À noite, toda iluminada, é ainda mais bonita! Não entramos porque já eram 14:30 e queríamos aproveitar mais o mercado.

Atravessando a rua chegamos ao Souq Waqif, a principal medina (mercado) da cidade. O local é lindo e bem cuidado, com uma praça de alimentação com vários restaurantes bons e muuuitas lojas variadas (animais de estimação, móveis, decoração eeeee tranqueiras, muita tranqueira). Embora o local em si seja muito legal pela arquitetura e por mostrar mais a cara cultural do país, não se iluda achando que vai comprar muita coisa não… nesse ponto me decepcionei um pouco, eles ainda não pegaram a mão para fazer souveniers, é impossível achar uma camiseta, por exemplo. Basicamente só comprei 3 lenços de caxemira notavelmente fakes, mas bonitos, e um lápis de olho Cajal (esse é legal, recomendo). A regra é a mesma de sempre: negocie para um lenço de 30 sair por 8/10 QR. Passamos pelo Falcon Souk (mercado de falcões atravessando a rua) e tentamos achar sem sucesso o Al Fanar (mercado de jóias que fica ao lado, teoricamente).

Jantamos no Souq Waqif, por volta das 19:00, em um restaurante marroquino, Tajine, com um cuzcuz muito gostoso, acompanhado de leite de camelo (por via das dúvidas, antes de encarar 17h de voo, não provamos). Passeamos mais um pouco para ver o mercado com suas luzes acesas (e ele fica ainda mais lindo, vale a pena!) e encerramos nosso dia.

Outras coisas que podem ser adicionadas e visitadas, caso haja mais um dia na cidade:

– Passear pela Corniche: é a orla da praia, da qual se vê o skyline. Nós não andamos por lá porque o vento estava quase nos levando embora!

The Pearl island: ilha artificial nos moldes de Dubai, construído em um dos maiores sítios de coleta de pérolas do paí,  por isso o nome. Não faz meu estilo, mas, para quem gosta, vale a pena buscar mais infos. Na orla (Corniche) há uma estátua de uma pérola (nada de memorável como o Merlion de Singapura), então cuidado para não pedir para ir a um local e ir parar no outro!

Imam Muhammad bin Abdulwahhab Mosque e Grande Mesquita (Al Shouyoukh Mosque): mesquitas mais tradicionais, com dress code rígido.

Diwan Al Emire: residencia oficial do chefe de estado. Em frente à Corniche, passamos em frente indo para o museu. É bem bonita e imponente, vale uma paradinha.

Katara: vila cultural com museus, galerias, cafés e restaurantes e um anfiteatro. O local é bastante interessante e ideal para um passeio no final da tarde que já dá pra aproveitar e jantar em um dos restaurantes da região. Parece bem legal para quem quer se sentir no oriente mesmo, fiquei com vontade de ter conhecido.

 

Sobre dress code e regras de comportamento, é sempre bom manter o respeito e evitar decotes e roupas curtas, mas me surpreendi com o caldeirão cultural da cidade: você vê mulheres de burca e mulheres de short lado a lado, sem ninguém achar nenhuma das duas anormal ou lançar olhares de reprovação. Não preciso nem falar né, não seja o turista sem noção que fica fotografando as pessoas sem permissão, especialmente mulheres (e especialmente se você for homem).

Aliás, a sensação é que o ocidente e o oriente se encontram naquele cantinho do mundo em todos os sentidos! A própria arquitetura da cidade reflete essa combinação, com prédios futuristas (parece até um concurso!) de um lado e casas e medinas de arquitetura clássica do oriente médio do outro. Qualquer um dos dois lados parece ter sido construído ontem, tudo é impecavelmente limpo e bem acabado, você até se esquece que está no deserto até tirar os sapatos e pensar “ De onde veio tudo isso de areia?!”.

Enfim, Doha foi uma surpresa bem legal, gostamos muito da cidade e é um stopover que realmente vale a pena!

Mercado flutuante Damnoen Saduak

O polêmico, o pega-turista, o rotulado… e o que ninguém deixa de ver. Ou quase! Quando estivemos na Tailândia em 2016 lemos que esse mercado era péssimo, descaracterizado, uma coisa para turista ver, enfim, péssimos reviews. Por isso optamos pelo combo Amphawa e Maeklong (leia aqui).

Mas sabe quando você fica com aquela pulga atrás da orelha, aquele leve arrependimento de não ter visto com os próprios olhos toda vez que  vê uma foto do local?! Pois no planejamento da viagem de 2019 pesquisamos mais sobre o mercado e chegamos na mesma conclusão: é pra turista ver. Somos turistas afinal, então que seja!

Demos uma chance e vou falar: adoramos!!! Rafael foi quase amarrado, só na reclamação, e curtiu até mais que eu! Adoramos porque sabíamos o que esperar, a muvuca, as barraquinhas com coisas da china, a confusão e a fumaça, o barulho. A experiência foi tipo Hanoi (leia aqui): fomos para curtir o caos de camarote mesmo.

Sobre o passeio: compramos em uma agencia chamada Coco Voyage que fica na ruela de lojinhas que liga a Khao San à Rambuttri Road. Pagamos 350,00 BHT cada e pegamos o passeio da manhã (das 8-11h).

Pegamos uma van que demorou cerca de 1,5 horas para chegar e lá fomos direto fazer o passeio de barco pelo canal (que custa 150,00 BHT cada). Acabamos conseguindo embarcar rapidinho, mas para tanto, é importante chegar e já ir comprar o barco, sem perder tempo com as lojinhas no caminho. O passeio dura uns 30 minutos em barco compartilhado (6 pessoas) e o trajeto é super curtinho. Dá para fazer um privativo, pegando uma barco particular que sai dos canais principais e te leva para conhecer a vila ao redor. Mas sinceramente é mais legal pegar o coletivo,mesmo que depois você queira o privativo.

Só assim no calor da Tailândia. Dica: lave a lata antes de abrir!

Sobre esse passeio de barquinho, ele faz meio que a “volta no quarteirão”, que é repleta de lojinhas vendendo as mesmas bugigangas ao melhor estilo “same same”. Os barcos vão se espremendo, se batendo e vira uma gritaria dos barqueiros brigando uns com os outros e das pessoas das lojas tentando chamar a atenção dos clientes… uma farra! Quando os barcos se batem as pessoas mais finas, digamos assim, dão gritinhos achando que o barco vai virar (por isso é bem mais legal o barco coletivo) e os lojistas usam uma vara com um gancho para pescar os barcos se qualquer mínimo olhar for dado na direção de algum produto… sério, é bem legal!
Ao sair do barco, fomos andar pelo mercado em si, que é bem, pequeno, basicamente só as laterias do canal principal, não mais que um quarteirão. Do mercado é possível ver mais os barquinhos vendendo seus produtos (quando se está no meio da muvuca você não vê é nada!) e algumas coisas exóticas, como pessoas com cobras, cachorros se refrescando na geladeira e essas normalidades tailandesas que amo! Comprei um saco de biscoitinhos tipo biju de praia que um moço fez na hora e uma invenção que eu adorei: um chapéu que vira um leque, super útil!

Na hora marcada encontramos nosso guia da van e ele disse que iríamos pegar um barco para chegar até a van. No fim das contas, acabamos fazendo um mini passeio pelos arredores do mercado até chegar ao tal estacionamento.

Na volta, a questão das vans é meio confusa… você pode não pegar a que te levou (porque para eles tanto faz), então as pessoas ficam confusas e isso acaba atrasando a partida… a nossa demorou quase 1h a mais, então não marque outro passeio ou voo para a parte da tarde.

Como fechamento, o que digo é: fui, gostei e iria novamente. Tentamos ser turistas “desconstruídos”, que fogem da manada, com roteiros alternativos, mas essa experiência mostrou que as vezes (só as vezes!) a massa tem razão e os locais turísticos tradicionais tem um motivo para serem tradicionais. Ah, e sim, as fotos de lá são INCRÍVEIS mesmo, não é photoshop não… o jogo de luz e sombra nos canais de água barrenta e a cor das barracas faz as fotos ficarem show.

Dicas Cinque Terre

Cinque Terre! Esse pequeno paraíso de edificações coloridas está situada na costa oeste da Itália (costa da Liguria) há apenas 2h30 de Florença ou 3h Milão.

Como seu próprio nome diz, ela é composta por cinco terras: Monterosso, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore. De maneira geral, Monterosso é a maior delas e possue mais infra-estrutura, Vernazza é a que possuem paisagens mais bonitas, Corniglia é a mais tranquia, Manarola é a menor e Riomaggiore a mais elegante. Vamos às dicas:

Onde se hospedar?

Se o bolso permitir ficar em alguma das cinque terres, minha recomendação seria:

1º – Manarola: possui a melhor costa para entrar na água e nadar, também com diversas trilhas acessíveis que culminam em belíssimas paisagens. É de se levar em consideração que também é uma das mais calmas. A variedade de bons restaurantes, locais para mergulhos e trilhas que dão boa visão da pequena vila foram os fatores determinantes para eu eleger Manarola como minha vila preferida.

Manarola

 

2º – Riomaggiore: não fica muito atrás, um pouco maior que Manarola, também tem locais para mergulhar e descansar nas praias e excelentes restaurantes. Porém sempre está um pouco mais cheia que Manarola.

Riomaggiore

3º – Vernazza: a vila que nos rendeu as melhores fotos de Cinque Terre, trilhas morro acima com paisagens de tirar o folego! Esta terre não é muito propicia para nado.

Vernazza

4º – Monterosso: foi a vila que me hospedei! Tem uma infra-estrutura muito boa, mas não é a que possui as paisagens mais bonitas (sempre que penso em Cinque Terre, penso nas casinhas agrupadas na vertical). É a única que possui uma praia extensa (porém paga).

Monterosso 2

 

5º – Corniglia: a ultima da minha lista (mas deixando claro que cada uma tem seu charme e todas valem a pena a estadia), ela é a mais bucólica, bem menos agitada que as demais e também sem acesso à praia. Em compensação, é a mais alta delas com vistas belíssimas para o mar.

Para quem ficar nas terres e decidir ir de carro, fiquem tranquilos que há estacionamentos disponíveis, grandes e bem visiveis na entrada de cada terre. Os dois dias que passei estacionando em Monterosso me custaram cerca de 30 EUR, o que é compatível com o estacionamento de uma grande cidade, por exemplo.

Já se o bolso não permitir, a sugestão é procurar por hotéis em La Spezia ou Porto Venere. Há uma linha de trem (tópico abaixo) que liga essas cidades até as cinque terres e que demora menos que 20 minutos.

Como se deslocar?

Trem – Há uma linha que liga La Spezia – Riomaggiore- Manarola – Corniglia – Vernazza – Monterosso – Levanto.

Isto realmente é muito pratico, você pode comprar o Cinque Terre Treno MS Card por 16EUR (1 dia) ou 29 EUR (2 dias), enquanto que cada trecho individual custa 4 EUR. Não fique na dúvida, compre o cartão para passar o dia tranquilo e que permite você ficar indo e vindo de terre a terre, conforme o seu gosto. O passe também lhe dá acesso gratuito aos banheiros e wi-fi na estação, além de acesso às trilhas ao redor das terres.

Dica 1: Não é possível comprar o 1 day tour no caixa eletrônico, então vá direto aos caixas com pessoas ou à loja de informações da estação que vendem o passe.

Dica 2: A única Terre na qual o trem não fica muito próximo a cidade é a de Corniglia. Pegue um ônibus gratuito (caso tenha comprado o passe de 1 dia) na saída da estação para evitar 20 minutos de ladeira.

Barco: Uma das boas maneiras de visitar Cinque Terre é pegando um barco. O bilhete pode ser comprado por 35 EUR na marina de qualquer uma das Terres. Uma das grandes vantagens do passeio de barco é o fato de ter uma visão a partir do mar das vilas, isto renderá belíssimas fotografias, além de, assim como o trem, poder se deslocar entre as vilas no horário que quiser. MAS, não conte 100% com este transporte, já que é comum o mar estar agitado e os barcos não fazerem o passeio com parada em cada uma das Terres.

Como podem ter visto, não é uma opção ir de carro para cada uma das vilas. Para os aventureiros, há inúmeras trilhas ao redor das vilas, algumas conectando uma às outras, mas procure se informarem com antecedência sobre quais estão abertas. Consulte aqui: https://www.turistando.in/as-trilhas-em-cinque-terre-italia/

Quanto tempo ficar?

Aqui recomendamos ficar pelo menos dois dias! Mas, como em toda praia bonita, é possível ficar muito mais, acredito que até 5 dias seria interessante para descansar bastante no local.

Dicas gerais

Minha dica é que acordem bem cedo e aproveitem o primeiro dia de viagem para conhecer todas as vilas. Passar um tempo encontrando o charme de cada uma delas e depois desfrutar o restante dos dias na vila que mais lhe agradou.

Em Riomaggiore, logo ao sair da estação de trem, vá por dentro do túnel e sairá logo na rua principal da vila: Via Colombo! Se descer a rua, deparará com a marina e logo a esquerda, com uma deliciosa baia para entrar na agua. Se seguir ainda um pouco mais a frente, chegará a uma praia de piso de rochedos provavelmente com várias pessoas (que mais parecem focas nas pedras) tomando sol.  Vale a pena subir até o Castello di Riomaggiore com belas paisagens! No sentindo contrario, Via Colombo acima, não deixe de conhecer a chiesa di San Giovanni Battista (de 1343!).

Em Manarola, a grande atração é a marina, que é muito linda e um ponto para mergulho. Aah, a água nem é tão fria, dá para curtir numa boa, além de, para quem curte um salto, é possível saltar de diversas pedras com cerca de 5-10m de altura. Também da marina, há diversos caminhos morro acima, de onde se tem acesso a vários bares e restaurantes, além de paisagens da própria vila. Aqui também se encontram os restaurantes mais baratos das terres, com alta qualidade. Recomendo o Marina Piccola, que possui preço acessíveis (10-20 EUR) com uma bela vista do mar e diversidade grande de pratos, desde os pratos al Pesto, até camarões, lagostins e lagostas  deliciosos.

Manarola 2

Em Corniglia, não se esqueça de ao descer da estação de trem, pegar o ônibus (incluso na passagem) até o centrinho. Senti um clima muito mais calmo do que em qualquer outra terre, com a principal rua “Via Fieschi” com diversas gelaterias, lojinhas de artesanato e restaurantes. A cada beco você se depara com um precipício com vista para o mar. Também aproveitem para dar uma passadinha na Igreja de São Pedro de estilo gótico e o Oratoria dos Flagelantes de Santa Catarina.

Em Vernazza, você encontrará uma baía lotada de barquinhos que parecem estar delicadamente arranjados para complementar a bela vista. Se tiver coragem, aproveite para um mergulho! No dia que fui, as ondas estouravam no paredão, mas mesmo assim muitas pessoas se divertiam pegando carona nas ondas para subir mais rápido o paredão. Mas, aqui na vila, o que vale mesmo é subir as trilhas. Uma até o topo do Castello Dorias (fortificação mais antiga de Cinque Terre) e a outra em direção ao Ristorante Bar La Torre na trilha Sentiero Azzurro. Ali você vai encontras a vista mais impressionante de Cinque Terre. Também deixo aqui a dica das Focaccias! Dentre elas a Batti Batti, que por apenas 4 EUR, você come a pizza com pesto, especialidade da região.

Em Monterosso, logo ao sair da estação de trem, se deparará com a enorme praia da Vila Antiga: linda, limpa, grande, porém paga (20EUR por uma cadeira e guarda-sol)! Caminhe à esquerda da estação, passando pelo túnel e chegará no centro da vila. É lá que possui duas prainhas simpáticas, gratuitas, e também várias restaurantes.  Não deixe de conhecer o Mosteiro dos Capuchinhos e a Igreja de San Giovanni Battista (1244). Também, logo ao final da praia gratuita da vila, siga pela trilha morro acima, é garantia de belas paisagens!

Monterosso

 

Outras dicas – Portofino

Para quem quer conhecer mais praias na região, logo ali do lado, a cerca de 1h00 de carro, encontra-se a fina, luxuosa e charmosa Portofino. Impossível ir lá e não se deparar com Ferraris e outros super-carros. Também impossível ver alguma sujeira nas ruas ou paredes desta pequena cidade. Mas tudo tem seu preço né.

É também ao redor de Portofino que se encontram diversas pequenas praia que pareciam excelentes para descansar e passar o dia. Só não espere encontrar areia, o piso é sempre de pedra!

Portofino

Em suma, se você está na duvida se vale ou não a pena tirar 2 dias da viagem para descansar numa praia na Itália, tendo tantas praias maravilhosas no Brasil, asseguro que a resposta é sim! Cinque Terre é uma combinação única de mar azul profundo, casinhas coloridas e bucólicas, gastronomia de primeira e vistas de tirar o fôlego!

 

Capitólio: roteiro de 3 dias

Capitólio, em Minas Gerais, é uma cidade pequenininha em tamanho, mas que se tornou uma referência nacional em eco-turismo. Por ser muito badalada e postada, me perguntava se a cidade realmente era estonteante ou se as fotos que via nas redes sociais eram carregadas de efeitos de cor. Para minha felicidade, posso afirmar que sim, as fotos fazem jus ao local!

Antes do itinerário, algumas dicas:

  • Água de cachoeira é MUITO, MUITO fria. Vá preparado psicologicamente e sem frescuras!
  • Cuidado com as pedras, não abuse da sorte e vista-se adequadamente, especialmente calçados. Presenciamos várias pessoas caindo e se machucando por imprudência e pelo uso de sapatos escorregadios.
  • Se possível, evite os finais de semana. São muitas as excursões que vão para passar 1 dia e simplesmente LOTAM a cidade. A diferença é muito nítida e domingo é o pior dia.
  • As cachoeiras são na cidade, mas não são perto umas das outras (a maioria fica a 30-40 km da cidade), então estar de carro é imprescindível.
  • O condomínio Escarpas do Lago é o local mais badalado para ficar. Eu achei meio longe de tudo. Prefira ficar mais próximo ao centro.
  • A cidade está surfando na onda do turismo, então não espere encontrar nada baratinho.
  • Atenção ao céu! Quando chove nas redondezas, o volume de água das cachoeiras pode aumentar repentinamente, a chamada tromba d’água, um fenômeno comum e muito perigoso.

DIA 1:

Chegamos na cidade por volta das 9:00 e já paramos na ponte do Rio Turvo, de onde saem os passeios de lancha pela represa de Furnas e para os famosos cânions, que são o principal diferencial da cidade. Nossa ideia original era fazemos o passeio de 4 horas de duração, mas acabamos optando pelo passeio mais usual e mais oferecido: o passeio de 2 horas. Ambos passeios passam pelos mesmos pontos, mas o passeio mais curto é mais corrido, com paradas em 30 minutos em cada local apenas. Custo: 70,00/pessoa.

A primeira parada foi a cachoeira Lagoa Azul, a qual pode ser acessada por terra também (nesse caso com direito à visitação da parte superior da cachoeira, a qual é necessário pagar 30,00 – não vale a pena pagar para subir no passeio de barco, cuja duração é pequena – vale mais a pena pagar o acesso por terra em separado e ficar no lindo poço da cachoeira o tempo que quiser). O local conta com um bar e a cachoeira tende a ficar bem cheia. Nota: lemos em muitos blogs que era possível acessar o poço chegando de barco sem pagar a taxa, na cara de pau, mas no dia que fomos, haviam seguranças.

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Lagoa Azul e sua bela água amarelo-esverdeada.

 

A segunda parada foi a cachoeira dos canions de Furnas. Ela é enorme, a mais alta que vsitamos na cidade, mas seu volume de água não é tão grande, o que permite nadar e ficar em baixo dela. Os canions são lindos, com um contraste de cores das pedras amareladas e alaranjadas com o verde esmeralda da água. Infelizmente os canions são bem pequenos, visita-se tudo em menos de 5 minutos. Como já tínhamos visitado os canions do São Francisco (kilometros infinitos de canions), achamos apenas ok.

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De lá seguimos para a cachoeira Cascatinha, na qual não se mergulha. Quando fomos o nível da água estava baixo e não pudemos nos aproximarmos e tomarmos o tradicional banho de cachoeira dentro do barco.

Seguimos para uma passagem rápida pelo vale dos tucanos, um tipo de braço do lago que contem troncos de antigas arvores submersas. Não vimos nenhum tucano rsrs.

A última parada foi um uma espécie de bar flutuante da cervejaria artesanal da cidade, a Scarpas. A cerveja é boa, bebemos um chopp (8,00), mas é uma típica parada apenas para o barqueiro ganhar comissão, desnecessária totalmente. Se alugar um barco para o passeio de 4h, dispense.

O percurso todo durou 2,5 horas (um pouco mais que o combinado) e é bacana. O passeio é o “must to have” de Capitólio, mas nós 4 (meus pais viajaram conosco) achamos que todas as outras atrações de capitólio são muito mais legais.

É possível fazer o passeio em barcos maiores, do tipo Chalana ou Catamarã, mas não recomendamos.. os barcos são muito lentos e levam muitas pessoas (fazendo com que cada parada seja disputada por muita gente).

Saindo de lá, subimos até o famoso mirante dos canions. O local em si não tem nada de especial, um caminho curto até a ponta do mirante, mas a vista é estonteante, digna de cartão postal mesmo!!! São dois locais principais de foto e ambos apresentam sério risco à vida: não tem nenhum tipo de proteção e o solo arenoso é muito escorregadio. Muita atenção com crianças e com o tipo de calçado escolhido!

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Vista clássica do mirante de Capitólio.

Aproveitamos a parada e fomos conhecer a cachoeira Dicadinha, que fica do outro lado da estrada. Esta é uma das poucas cachoeiras gratuitas da cidade e é uma das menos comentadas, mas é simplesmente maravilhosa. Foi uma unanimidade entre nós em termos de surpresa e diversão!! A cachoeira conta com 10 quedas de água e, quanto mais se sobe, menos pessoas vão dividir a cachoeira com você. É possível subir por trilha ou por dentro das próprias quedas. Subimos por trilha (mais fácil, menos escorregadio) até a 3ª queda e de lá subimos pela água até a quarta.  Não deixem de ir!!! É possível, ainda, ir seguindo a água e passar por baixo da estrada, dando novamente no mirante, onde há mais 2 quedas antes do riacho desaguar canion abaixo (atenção novamente!).

Almoçamos no Restaurante Cozinha da Roça, um dos mais tradicionais da cidade. Comida maravilhosa a um preço condizente. Nos hopedamos nos chales do restaurante aqui nas noites seguintes e recomendamos muito (Chalés Cantinho da Roça, disponível no Booking).

De lá, esticamos para a Cachoeira da Filó, cuja entrada é de graça, e fica seguindo em frente, após a Dicadinha. A cachoeira é bonita, com um volume de água grande e um lago escuro. Já estávamos meio acabados, não deu muito ânimo de mergulhar.

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Filó e seu poço de águas negras.

DIA 2:

Acordamos cedo e fomos no famoso Paraíso Perdido. O local conta com banheiros e restaurante e paga-se 35,00/pessoa para entrada (com estacionamento). Funciona das 8-18h.

Lá, visitamos as 3 cachoeiras que compõe a propriedade e são abertas ao público (existem outras rio acima, mas não são recomendadas pelo alto risco de queda). As 3, assim com as demais, estão localizadas no mesmo rio, sendo quedas derivadas umas das outras. O espaço é muito bem cuidado e o caminho é todo indicado por pegadas pintadas em vermelho das pedras.

É possível nadar no poço de cada uma delas, com centenas de peixinhos coloridos. Dá para passar o dia relaxando, saindo e entrando da água. Mas também é possível fazer tudo com calma em meio período, como fizemos.

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Peixinhos belisquentos!
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Terceira queda do Paraíso Perdido. Do lado direito há uma mini-gruta muito simpática.
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Borda infinita no Paraíso Perdido.

Após nadarmos nas 3 quedas, almoçamos no próprio restaurante do local (por kilo) e demos um pulinho na usina de Furnas, em seu mirante, para dar uma espiada nas turbinas.

De lá, resolvemos seguir para a outra propriedade-parque da cidade: a Trilha do Sol. O local também conta com banheiros e estacionamento, além de uma lanchonete. Taxa de 40,00/pessoa.

São 3 as cachoeiras do local: No Limite, Do Grito e Poço Dourado. Entre uma e outra, você fará uma trilha de 4km, com trechos de moderada intensidade e escadarias. Não é difícil, mas é necessário atenção ao calçado e cuidado com crianças e idosos.

A primeira que fomos, por medo de não termos tempo para todas, foi a mais linda: a Poço Dourado. A trilha para descer é estreita e ingrime e, chegando ao fim, há um rio com algumas formações de poços. Quando cheguei pensei: Sério, só isso?! Mas vi uma plaquinha apontando para a esquerda e seguimos. Fomos andando por uma trilha por dentro do rio, com paredões cada vez mais fechados ao nosso redor e muito verde. A trilha em si é o verdadeiro espetáculo! Ao fim, chegamos na cachoeira, bonita e com um poço gostoso para banho. Mas de fato, a trilha e os paredões, a sensação de estar em um pequeno pedaço perdido e intocado de mundo é que dá o toque especial.

De lá, seguimos para a Cachoeira do Grito. A trilha é mais leve do que a anterior, mas conta com uma escadaria grande para descer. Ela é composta de duas cachoeiras, uma acima da outra. O acesso à de baixo se dá por uma uma trilha muito estreita, margeada por um cabo de aço. Ambas quedas são bem gostosas e, entre elas, há um patamar onde é bacana descansar, tirar fotos, etc.

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Cachoeira do Grito, queda inferior.

Por fim, já quase na hora de fechamento do local, corremos para a cachoeira No Limite. Ela é a mais longe de todas, mas a de acesso mais fácil, por uma trilha plana. Ela tem alguns locais que formam banheiras naturais de hidromassagem, é gostosinho, mas confesso que 10 min são suficientes.

DIA 3:

Como era o dia de ir embora, queríamos uma coisa mais light. Decidimos ir até a Pedreira Lagoa Azul. Má ideia. Uns amigos haviam ido e gostado muito, disseram que o acesso não era fácil, mas era ok.

Sumimos, subimos, subimos, por uma estrada que nem é estrada, é só buraco e areia. Um perrengue. Gastamos 1,5h preciosas para chegar. A vista, confesso, é linda. A pedreira abandonada conta com uma lagoa enorme e de um azul espetacular. Infelizmente, haviam alguns carros com som no último e pessoas fazendo churrasco, bebendo, enfim, uma farofa com baderna. Não somos frescos nem nada, mas não ficamos confortáveis e decidimos que não valia a pena ficar.

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Lagoa Azul: bacana, mas não vale a “viagem”.

Frente ao pouco tempo, escolhemos a Cachoeira do Lobo como nossa última parada em Capitólio.

A cachoeira fica dentro de uma propriedade, que conta com uma pousada. Paga-se 35,00/pessoa e há banheiros e um restaurante (achamos caro e com opções de comida muito limitadas). Comparado ao Paraíso Perdido e Trilha do Sol, o investimento não vale a pena pelo que oferece.

O acesso à cachoeira é por uma trilha margeando o rio e leva uns 15 min para ser percorrido. a cachoeira é a mais volumosa que vimos na cidade, com uma queda bem bonita. O poço fica profundo a 2 passos da margem e a água é bem violenta.

Ficamos uns 40 min apreciando a vista e decidimos voltar. Na volta, resolvi ir por dentro do rio, deixando a água me levar. A água encobria as pedras, e fui batendo e me raspando em alguns pontos, mas estava ok. Até que ouço um barulho mais forte de água e pergunto ao Rafa se tinha uma queda à frente. Ele olha, começa a rir (nunca é bom sinal) e confirma. Comecei a tentar sair, mas o rio me puxava muito, fiquei meio desesperada e me arrastei até uma pedra e fiquei esperando o Rafa me salvar rsrs.

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A forte Cachoeira do Lobo

Em resumo, Capitólio vale muito a pena!!! As cachoeiras são lindas, os mirantes são espetaculares e é um programa muito legal para se fazer em 3-4 dias!

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Mais uma vista linda do Mirante!

 

 

Nossos perrengues em viagens

Porque rir é melhor que chorar, selecionamos alguns dos nossos melhores perrengues em viagens!

  1. Namibia – Etosha – “Modelo exótico”

Saímos bem cedo para iniciar nosso dia de Safari no Etosha, depois de algumas horas, decidimos ir em direção ao gigantesco salar ao norte da reserva. Chegando próximo, o estomago do Rafa começou a reclamar. Já adentrando no salar, na única estrada disponível, Rafa diz que era inevitável e decide parar o carro no meio do salar e ir atrás da caminhonete para atender a natureza (nota: descer do carro é super proibido e não recomendável). Rafa lá e eu segurando uma pá, atenta, caso aparecesse algum predador. Eis que surge no horizonte um ônibus de chineses. Um BUSÃO, no meio da savana! Sabe-se Deus como eles locaram um busão pra fazer safari! Que correria, precisava ser finalizado o serviço e ainda por cima pegar a pá, enterrar e lavar as mãos!!! No final, tudo deu certo, os chineses pararam junto ao nosso carro, desceram, encorajados pela nossa presença, tiraram as centenas de fotos e foram embora sem perceber nada (ou não).

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Já que já estávamos fora do carro…
  1. Botswana – Delta do Okavango – “De encontro com os elefantes”

Após observarmos uma família linda de elefantes tomando banho em um lago, seguimos nosso caminho por entre uma estreita trilha em meio a arbustos retorcidos. Eis que nos deparamos com um elefante gigantesco no meio dessa estradinha. Como ele nem dava sinais de se mover, resolvemos arriscar e passarmos do ladinho dele. Bom, ele se moveu. E rápido. E na nossa direção. Rafa começou a dirigir como um louco na estrada cheia de curvas e buracos, com elefante atrás! Eis que depois de uma curva, surge um outro elefante na frente, a centímetros do carro! Só fechei o olho e me imaginei explicando pra seguradora que demos PT em um elefante! Nem sei como passamos, mas passamos.

 

  1. Botswana – Savuti – “Compartilhar e racionar”

Nada como um bom planejamento de viagem para um safari na Botswana. Planejamos em detalhes a lista de mercado e quantidade de litros de combustível necessário. Adivinha? Tava lá a gente no meio da savana, 200km de qualquer cidade, com combustível para 210km, almoçando um quarto de um pão de forma com um resto de Nutella e aproveitando as últimas gotas do nosso galão empoeirado e quente de água…

  1. Botswana – Chobe – “Só mais 10 minutinhos… rally time!”

No Chobe, é obrigatório sair da reserva antes do pôr do sol. Estávamos lá o dia inteiro procurando por algum felino até que, próximo ao pôr do sol, vimos alguns jipes parados ao lado de um mato alto e, de repente, ouvimos um rugido. Fiquei eufórica, finalmente iria ver um leão! Decidimos quebrar as regras, já que tinham outros carros de turismo conosco (levar bronca em bando é mais tranquilo). Quase uma hora se passou, e nada do leão sair do mato, e um guia encostou o carro no nosso e perguntou se também tínhamos reservas noturnas especiais. Obvio que não. A partir daí, foi uma correria, se algum guarda nos pegasse dentro do parque, estaríamos bem ferrados. Resultado: 40 min de rally na savana, no escuro, até chegar a um dos portais da reserva. O carro balançava tanto que foi um milagre termos saído sem um pneu estourado e com os amortecedores intactos. Quando chegamos, Rafa, com a maior cara de coitado, olhou para o guarda furioso e falou que ficou mais de 1 hora atolado em areias profundas. Escapamos de uma!

  1. Suiça – Alpes – “Acima das nuvens”

Saimos de Interlaken com destino a Bolonha, decidimos seguir o GPS. Em um determinado momento, vimos uma placa branca com as bordas vermelhas na estrada e, depois disso, nem uma alma viva. Achamos estranho, mas seguimos em frente. Percebemos que a estrada era sinuosa e estávamos subindo muito, com muita neblina, árvores congeladas e  montes de neve cada vez maiores. Depois de 1h00 dirigindo, a paisagem se abriu e demos conta que estávamos próximos a algum pico, já acima das nuvens! Que paisagem fantástica! Paramos, sem saber se seguíamos ou voltávamos, já quase sem combustível, quando avistamos um carro com um casal de idosos. Eles pararam e nós contamos que queríamos ir para Itália, seguindo GPS. Eles caíram na risada (nunca é bom sinal!). Explicaram que a estrada estava fechada, que era ilegal estar ali e ganharíamos, nos 4, uma bela multa se alguém nos visse. Descemos rapidinho!

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Perdidos, acima das nuvens.
  1. Austria – Sölden – “Esquiando como alemães”

Decidimos esquiar com nossos amigos alemães nos Alpes, depois de uma bem-sucedida jornada de 2 dias nas pistas mais fáceis de ski no Chile. Pegamos o bondinho por uns 10 minutos, montanha acima, todo serelepes. Quando chegamos na pista, bateu o desespero: uma ladeira sem fim, inclinadíssima, e sem bordas de proteção separando a pista do precipício. Na temperatura de -5ºC eu suava de medo a ponte de embaçar os óculos. Como tudo que sobe, desce, criamos coragem e fomos descendo de ladinho. Resultado: depois de uns 10 minutos, perdi o controle do ski e caí, rolei por uns 50 metros tentando me agarrar no que dava até que a namorada do meu amigo me salvou com o snowboard. Olho para as laterais da pista e vi bandeirinhas pretas. Perguntei o significado e nossos amigos começaram a rir (nunca é bom sinal gente, sério) e a pedir desculpas. Havíamos pegado a pista do Campeonato Mundial de Ski.

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A tal da placa preta…
  1. Alemanha – Frankfurt – “Zwei Wasser, bitte”

Para aqueles que pensam que em país de primeiro mundo, não tem roubada…aí é que se enganam. Sábado à noite em Frankfurt, Rafa atravessa a rua do hotel para comprar duas garrafas de água. Na mera inocência, foi pagar a conta de 2 EUR com uma nota de 50 EUR. Consequência? O vendedor sacana me devolveu troco de 8 EUR e afirmou que a nota dada era de 10 EUR. No calor da discussão, surgiram outros 4 caras de dentro da lanchonete e intimidaram-no… bye bye dinheiro.

  1. Cingapura – Cingapura – “Aberto a novas experiencias”

Tá lá a Camila com a brilhante ideia de almoçar em um restaurante indiano de comida compartilhada. Pegou uns molhos super doidos e se empanturrou sem preocupações. Após 50 minutos, em uma das inúmeras lojas grandes da moderna Cingapura, o estomago decidiu rejeitar a comida, é claro. Ela saiu correndo para o banheiro, onde se deparou com o inesperado: na luxuosa loja de uma das cidades mais modernas do mundo, não tinha papel higiênico e nem privada rsrs. Tá aí a experiencia de como ter piriri em um buraco e limpar com um baldinho de água.  😊

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Olha esses baldes… tava na cara né!
  1. Tailândia – Phi Phi – “Mar em caos”

Era um belo dia de sábado, nosso segundo dia na Tailandia. Saindo de Phuket para Phi Phi no tal do “Ferry speed”, um barco grande que é mais rápido. Fomos direto ao segundo andar do barco, que era aberto, onde achávamos que passaríamos nossas próximas duas horas de viagem. Mero engano. Muito espertos, ao entrar em alto mar, vimos que as ondas estavam altas e decidimos descer para o andar coberto. 5 minutos depois desce meia dúzia de turistas encharcados por uma onda que passou por cima do barco. Aí começou a sina, era aquele barco que subia e descia as ondas, balançava de um lado para outro, um cheiro de óleo diesel queimando e água começando a entrar. O capitão acelerava como louco e as pessoas começaram a passar mal. Camila, que nunca fica mal com nada, quase botou as tripas de fora. Para completar, um italiano foi tirar satisfação de como o capitão e os dois quase saíram no soco, um verdadeiro caos. Lição aprendida: tomar dramin antes de entrar em qualquer barco.

  1. Tailandia – Phi Phi – “Rafael em caos”

Mais uma do estômago dele, para variar. Após um delicioso café da manhã na praia de Long Beach, precisávamos pegar um barco de 10 minutos até o centro de Phi Phi. Ao nos acomodarmos no pequeno Long Tail, o estomago dele começou a “reclamar”. Não fazia nem 30 segundos que o barco tinha saído e o desespero batia na cara da pessoa, precisava descer urgentemente. Não houve opção, teve que segurar até a chegada no centrinho. Ao descer do barco já me alertou: “Espere aqui”, e em questão de segundos já perdi ele de vista. Tempo passa e eu já desesperada, sem saber se ia ou ficava, chamava polícia ou bombeiro, quando ele aparece, todo pleno, contando do banheiro maravilhoso que encontrou em um hotel 5 estrelas…

  1. Oceano indico – “Na Primeira classe”

Estávamos sobrevoando o oceano indico, após mais de 30 horas de viagem, e o café da manhã foi servido. No momento que as bandejas foram retiradas, novamente ele, o Rafa, teve uma dor de barriga bem no momento em que havia uma fila de umas 20 pessoas no banheiro. Naquele desespero, branco igual papel, vi ele abordando uma aeromoça e gesticulando. Esse foi o passe dele para a Primeira Classe do gigante Airbus A380: ganhou entrada VIP ao banheiro exclusivo.

  1. Oceano Atlantico – “Elevador”

Voltando de Portugal, há cerca de 2-3 horas da costa portuguesa, viajava sozinho na minha fileira de assentos. As bebidas acabaram de ser servidas, quando de repente uma taça de vinho é arremessada em minha direção por uma moça na minha diagonal após uma inesperada turbulência. As aeromoças correndo pelo avião para se sentar, o negócio ia ser feio. Depois de três quedas de cerca de 10 segundos cada, 8 ave marias, 2 Pai Nosso e gritos assustados, o avião voltou a ficar estável e o piloto se desculpou pela turbulência inesperada. Ao olhar o computador de bordo, percebo que perdemos cerca de 3.000 metros, uma bela de uma queda.

Twyfelfontein, Cape Cross e costa dos esqueletos (Namíbia)

Após os fantásticos dias no parque nacional do Etosha , pegamos estrada rumo à costa oeste da Namíbia. Nosso principal destino aqui seria a joia litorânea de Swakopmund, mas há inúmeras atrações no meio do caminho, nas quais vale muito a pena passar alguns dias.

No primeiro dia, saímos do Etosha e seguimos rumo à Khorixas para visitar o Damara Living Museum e o parque arqueológico de Twyfelfontein, dormindo em um dos melhores camps da viagem, o Madisa Camp.

Já no segundo dia, adentramos o Kalahari, na sua região mais montanhosa, passando pelo sítio arquelógico da região de Brandberg (montanha incrível, que destoa na paisagem e possui a famosa pintura rupestre White Lady). Seguimos pelas estradas de sal até o litoral, em um dos locais mais surpreendentes da África: a colonia de focas em Cape Cross. Por fim, passamos por Hentiesbay e seguimos no final da tarde para Swakopmund.

Contando mais em detalhes:

Saindo do Halali, levamos cerca de 3,5h para chegar em Khorixas, a capital da região de Damaraland. Pretendíamos almoçar e nos abastecermos na cidade, mas o local é minúsculo e não conseguimos encontrar nenhum restaurante aberto para almoço, nem mesmo dos campings e hotéis da cidade. Paramos no mercado, que fica em frente ao posto de combustíveis (o único em kms, então aproveitem), e nos abastecemos de comida.

Uma coisa interessante de notar é que a região do Etosha, apesar de árida, ainda possui um número significativo de árvores e certo tipo de vegetação. Ao partir para Khorixas, a vegetação fica cada vez mais escassa e as estradas se tornam de terra/cascalho e é ali que você realmente se dá conta que está na região do Kalahari, sozinho.

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De Khorixas, pegamos uma estrada de terra por 1,5 hora até chegar no Damara Living Museum. O caminho é muito bonito, paisagem deslumbrante! O curioso são as inúmeras barraquinhas na beira da estrada vendendo artesanatos e pedras, porém sem ninguém lá, é um estilo pegue e pague! É um pouco estranho, pois não havia sequer preços, não sabíamos o quanto deixar!

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O Damara Living Museum, como o próprio nome sugere, é uma vila de Damaras (povo local) que organiza visitas por uma vila-museu. A verdadeira vila na qual eles moram fica a poucos kilometros de lá, dada a alta procura, eles montaram esta vila para poderem expor a tradição do seu povo sem incomodar as pessoas da tribo que não queria fazer parte do show (o que é muito legal!).

É possível fazer um tour de aprox. 1,5 hora ou o tour estendido, que inclui uma caminhadas pelo deserto à busca de ervas e uma passada rápida na vila de verdade. Optamos por conhecer apenas a vila-museu (80N$/pessoa com tour guiado), na qual haviam explicações e demonstrações de homens fabricantes de armas, a curandeira, um jogo de “tabuleiro” ancestral, as mulheres que teciam as roupas e artesanatos, a cultura do fogo e as danças típicas nativas. Realmente vale muito a pena! No final, há uma lojinha de artesanatos feitos por eles e dá para aproveitar para comprar uns souvenieres.

O passeio é bem legal, não é invasivo e você não precisa ficar constrangido ao tirar fotos, como ficaria numa vila de verdade, mas, mesmo assim, é um pouco estranho… sei que a intenção é justamente mostrar a cultura e gerar retorno financeiro, mas em alguns momentos senti que as pessoas ali não estavam 100% felizes de darem as mesmas explicações dezenas de vezes ao dia para turistas… foi muito legal e um pouco desconfortável ao mesmo tempo…

Logo perto dali (realmente perto, coisa de 10 minutos), seguimos para o parque arqueológico de Twyfelfontein (patrimônio mundial da humanidade), uma das maiores concentrações de desenhos rupestres da África, que datam cerca de 2.000 a 2.500 anos!!!  Chegamos por volta das 15h00 (N$70 por pessoa) para a visitação já com guia incluso, que dura aprox. 1,5 horas. É realmente muito interessante a historia de cada uma das gravuras, os mapas arcaicos gigantescos esculpidos em pedras e conhecer um pouco da cultura da magia e superstição daquela época. Recomendamos a parada, vale demais a pena, o local é magnífico!

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Finalizando o primeiro dia, seguimos cerca de mais uma hora (aqui vale dizer que a estrada é bem esburacada, realmente é necessário um carro alto) até o Madisa camp. Circundado de areia e montanhas, é um camp charmoso com espaço individual de camp,  banheiros à céu aberto e possui um pôr e nascer do sol muito lindos, daqueles que vemos nos documentários da África mesmo, sabe?

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No outro dia de manhã, saímos rumo a Brandberg e a famosa pintura White Lady. A montanha em si já é uma coisa deslumbrante: uma montanha gigantesca no meio do nada, um contraste incrível que te faz pensar “Como isso veio parar aqui?!”.

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Ao chegar lá, fomos avisados que haveria uma trilha de cerca de 1 hora ida + 1 hora volta até as pinturas e, devido ao tempo que reservamos para o dia, decidimos abortar a missão. Foi uma pena, já que as pinturas nas grutas pareciam realmente interessantes pelas nossas pesquisa. A região entre Twyfelfontein e Brandberg se torna cenicamente cada vez mais interessante neste trecho, já que montanhas, que mais parecem amontoados de pedras, tornam-se mais frequentes, assim como as vilas de Damaras, com as mulheres oferecendo artesanato na beira da estrada.

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De repente, as montanhas somem e tudo volta a ser apenas areia e mais areia, até lá no fundo do horizonte, vermos que tudo vai se transformando no azul do mar. É a partir deste ponto que as estradas se transformam em sal (tomem muito cuidado que podem ser escorregadias!). Paralelo ao litoral, seguimos a estrada até chegar à belíssima colonia de focas Cape Cross (N$70/pessoa +N$10/carro).

Ao descermos do carro, o cheiro um pouco desagradavel de focas tomou conta e logo vimos as focas realmente a pouquissimos metros da gente, ainda um pouco espalhadas. Andamos cerca de 30 metros a dentro e daí veio o “uau, quanta foca!”. Estima-se que cerca de 30.000 focas ocupem aquela área (seja na praia, seja no mar) e para todo canto que voce olha é abarrotado de focas adultas, focas bebes e todos os barulhos possíveis que as focas emitem. Olhando com mais atenção no mar, é interessante ver como as focas também aproveitam as ondas para caçarem e retornarem à praia. Reservem cerca de 1,5 horas neste lugar, que é realmente bem legal!

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Dica: a região é muito fria, mas não caia na besteira de usarem um bom casaco (o único no nosso caso) para visitar o local porque o cheiro de focas fica absurdamente impregnado nas roupas!! Usamos nossos únicos casacos e calças jeans lá e ficamos cheirando foca por uma semana!

De lá, seguimos até a também simpatica cidadezinha de Hentiesbai. Bem pequena e toda pintada principalmente de amarelo, se camuflando com o deserto a beira mar, esta cidade é uma otima pedida para um almoço. Comemos um bife de Oryx servido com molho de maça no Myl 50 Restaurant, sobre o qual havíamos lido boas resenhas em outros blogs. Foi gostoso, mas o atendimento é rude e o preço é um pouco salgado (como todo restaurante na Namíbia).

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Já a cerca de 1 hora de Swakopmund, continuamos pela estrada seguindo o litoral, pela chamada Costa dos Esqueletos. A região leva esse nome devido a grande quantidade de naufrágios que ocorreram ao longo dos séculos. Muitos deles são visíveis ainda hoje, embora a maior parte esteja praticamente corroídos/enterrados pela areia e sal. Grande parte dos navios mais bem conservados são visíveis apenas por tours de avião, mas um navio muito bonito encontra-se justamente entre Hentiesbay e Swakop: o Zeila. O naufrágio é bem fácil de achar, com placas de sinalização ao longo da estrada.

De lá, seguimos para os proximos destinos: Swakopmund e o deserto da Namibia!

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Deserto da Namíbia – Solitaire, Sesriem e Sossusvlei

O deserto da Namíbia é certamente um dos lugares mais incríveis que visitamos! É imperdível e tem que ser encaixado em qualquer roteiro!

Com mais de 55 milhões de anos (o mais antigo do mundo!), o deserto da Namíbia possui uma diversidade de elementos que o torna único! O contrataste de cores é o primeiro ponto que chama atenção: a areia tradicional branca do deserto de repente some e dá lugar à magnífica areia vermelha (se não acreditar, olhe as fotos ;)), que formam dunas gigantescas, nas quais é permitida a subida (ou a tentativa rsrs, já que essa não é uma tarefa fácil).

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Rafa e as dunas 😉  Vejam o contraste da areia vermelha das dunas e a areia normal do solo.

A mais alta delas chega a 325m de altura! Apenas como uma referencia, o Empire State em Nova Iorque possui 383m! Relataremos esta experiencia logo mais abaixo!

No meio deste contraste de cores, ao caminhar pelas dunas, é possível também encontrar um dos mais belos animais africanos: o Oryx, animal símbolo do país. Pois é, não nos perguntem o que ele está fazendo ali, mas nos deparamos com um bom número deles vagando por lá.

 

A macro-região onde há a entrada do parque nacional (Parque Namib-Naukluft) e as principais dunas é chamada Sesriem. Uma vez no parque, a principal área de dunas é conhecida como Sossusvlei. E é escondido entre as dunas de Sossusvlei que se encontra um dos locais mais incríveis não só da Namíbia, mas do mundo: o salar Deadvlei! E não bastasse tudo isto, é nas proximidades deste deserto que nos deparamos com a cidade mais charmosa da África, Solitaire.

Mas vamos por partes…

Viemos para Sesriem a partir da também belíssima cidade litorânea de Swakopmund, levando praticamente o dia todo de viagem, mas passando por diversas atrações (veja aqui)!

Chegamos em Solitaire por volta das 17h00 . Puro charme! Uma micro-cidade composta de um posto de combustível, uma pousada, uma padaria e diversos cactos e carros antigos abandonados! Presa fácil para as lentes de nossa Canon com a luz alaranjada do por do sol! Além de super charmosa, a cidade é uma parada obrigatória, já que tem o único posto de gasolina no raio de 200km e é lugar com a melhor padaria de toda viagem, a Mc Gregor’s Bakery, com a torta de maça mais famosa do país.

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A cidade toda em uma foto: lodge, posto e padaria!
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Padaria delícia!
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Carros antigos abandonados dando charme à cidadezinha!

Neste dia, decidimos dormir 30 minutos depois de Solitaire e cerca de 40 minutos do portão de Sesriem, em um leito de rio seco chamado Agama River Camp, onde durmimos logo ao lado de alguns Oryx e um chacal. Recomendamos!

No outro dia, seguimos então ao tão esperado dia em Sesriem e Sossusvlei!

Dica: Para pegar o famoso nascer do sol do pico de alguma duna, é necessário dormir no Sesriem Campsite, dentro do parque, já que é impossível entrar na reserva e chegar à duna antes dos primeiros raios de sol. No verão (Setembro a Março), o portão abre as 6h00 e no inverno abre por volta das 06h45.

Em termos de estrutura, é possível ficar dentro dos portões do parque em um camp/lodge coordenado pela NWR (Sesriem Camp). Tal como os campings gerenciados por eles no Etosha, a estrutura precisa ser revitalizada com urgência… além disso, a área de camping  fica em um areião fundo, no qual é necessário acionar o 4 x 4.

Chegamos nos portões por volta das 09h00 e seguimos a uma atração menos visitada, mas que vale a pena: o Sesriem Canyon.

O local é um canyon estreito e profundo, no qual é possível descer e caminhar (embora mal sinalizado… chegamos antes que qualquer outra pessoa e ficamos meio perdidos se era ou não o local certo e como descer para o leito). Passeamos e aproveitamos a tranquilidade deste lugar por cerca de 1 hora. O destaque é as fendas que se fecham em algumas regiões e permitem a entrada de poucos raios de sol.

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Olá sombra

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Seguimos deserto adentro para a região das dunas vermelhas e salares! Das dezenas de dunas no local, destacam-se: Ellim Dune, Dune 45 e a area de Sossusvlei composta pela Big Daddy, Big Mamma e Deadvlei. Cada uma tem seu próprio charme e recomendamos passar em todas elas.

Iniciamos a jornada seguindo direto a Sossusvlei! As estradas são asfaltadas dentro da reserva até à entrada de Sossusvlei, onde a diversão começa! O 4×4 a partir daqui é obrigatorio e percorremos cerca de 5 divertidos kms de areia funda. Não dêem bobeira, acelerem de modo constante, desviem dos carro atolados, e não terão problemas.  🙂

Dica: Se não tiver 4×4, não se preocupe, há transfers pagos de locomoção ou se preferir, caminhe cerca de 40 minutos (chegue cedo, fazer caminhada no deserto ao meio dia não é legal).

De lá, caminhamos debaixo de cerca de 40ºC no deserto passando por alguns pequenos salares até atingir o famoso e magnifico Deadvlei, composto de inúmeras acácias pedrificadas e cercado por dunas gigantescas. O lugar é fantástico, muito fotogênico, uma verdadeira pérola escondida em um deserto que por si só já é único e magnífico!

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Deadvlei!  *.*

Depois de pensarmos e repensarmos, afinal eram 13:00 e estávamos com sede, calor e fome, decidimos subir a duna. E nada mais, nada menos que maior duna do lugar e uma das maiores do mundo: a Big Daddy! É claro que nem nos nossos sonhos iriamos até o ponto mais alto dos seus 325m, mas atingimos o seu topo intermediário e caminhamos uma ou duas centenas de metros nela até pararmos para deslumbrar aquela paisagem. Cercado por salares, as arvores mortas do Deadvlei pareciam insignificantes lá de cima. Imperdível! Tome coragem e suba!

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Olha isso! S2

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Mas a fome e o sol chegaram ao limite e retornamos ao carro onde fizemos um lanchinho. Diga-se de passagem, foi o único lugar da Namíbia que fomos explorados. Um gurda do parque decidiu fazer uma inspeção em nosso frigobar e decidiu confiscar nosso presunto e uma coca-cola… rsrs

De lá, seguimos entre as dunas até a nossa próxima parada, a duna 45! Ela possui este nome por esta a exatos 45km do portão de entrada da reserva de Sesriem (por isso que disse que é impossível ver nascer do sol lá de cima se não dormir dentro de Sesriem) e, assim como a Big Daddy, possui paisagens espetaculares para qualquer lado que se olhe do topo dela.

 

Levamos cerca de 40 árduos minutos para subir até um local que achamos adequado para sentarmos e aproveitarmos a próxima hora de cara para o vento, só relaxando e curtindo as paisagens. Muito mais divertido do que subir, é a hora de descer em que brincamos de escorregar, pular, correr nas areias vermelhas até atingir a base novamente.

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Vejam o tamanhozinho dos carros lá na base!
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Inclinação absurda!

Já por volta das 16h00, fomos conhecer nosso local de camp à beira do deserto. Mais um da rede NWR,  não possuia lá as melhores estruturas, tudo meio antigão, mas nos propiciou um momento especial à noite: uma briga de gazelas machos, com direito a diversas cabeçadas e uma perseguição alucinante dentre os camps.

Aah, mas antes desta briga, ainda deu tempo para ir a Ellim Dune! A cerca de 5km no camp, decidimos subir até o seu topo para apreciar o por do sol com uma bela garrafa de vinho. O inesperado foi que demoramos cerca de 1 hora de subida na areia fofa (pensamos que seriam poucos minutos de caminhada). A vista é ok, mas o por do sol não é tão espetacular como deve ser da Duna 45 (ficamos com medo de não dar tempo de chegarmos ao camping antes do fechamento dos portões, deveríamos ter arriscado).

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Por do sol na Ellim Dune.

No próximo dia, haviamos planejado de acordar as 04h00 para seguir para a escalada na Duna 45 para apreciarmos os primeiros raios de sol do dia transformando a imensidão em vermelhidão (o motivo para termos dicado dentro de Sesriem). Entretanto, fomos surpreendidos por uma rajada forte de vento (a ponto de ficarmos com medo da barraca voar do topo do carro) neste horário e consideramos que não teríamos condições de caminhar até o topo, abortando a missão. Fica para a próxima.

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Se um ventinho de nada faz isso, imagina o vendaval.

Neste dia, nosso destino era qualquer lugar próximo à fronteira da Botswana, nosso próximo destino! Mas antes disso, passamos novamente em Solitaire com um proposito: tomar um delicioso café da manha na Mc Gregor’s Bakery! Capuccinos e deliciosos doces fazem parte da bancada da pequena padaria, mas foi a tradicional torta de maça que forrou muito bem nossos estômagos. Uma das melhores coisas que comemos na África, e olha que não gostamos de torta de maça!

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Melhor torta de maça da vida!

Foram dois dias de paisagens inesquecíveis e que novamente super recomendamos a visita! Assim como o Etosha, é imperdível a visita aqui caso viajem para Namibia!

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Sossusvlei: simplesmente incrível!

Swakopmund, Walvis Bay e Moonland (Namíbia)

Depois da fabulosa região de Twyfelfontein, a tribo Damara e da colonia de focas, seguimos nossa viagem até a pérola do litoral da Namíbia: Swakopmund.

Esta cidade é a segunda mais populosa do país, porém tem apenas 42 mil habitantes! De forte influencia germânica, conta com uma arquitetura que nos transportou à Alemanha! Além disso, o litoral é uma região naturalmente mais chuvosa e fria, o que contribui com o clima de Europa.

Chegamos na cidade no meio tarde e nos hospedamos no Hotel à La Mer, a um excepcional custo-benefício. Acampar foi bem legal, mas confesso que tomar um banho quente, dormir em uma cama de verdade e andar em um chão sem areia (e aquecido! pasmem!) foi muito necessário naquela altura da viagem! É essencial planejar a viagem e incluir 2-3 hotéis no meio do caminho para recarregar as energias.

Este hotel fica a meio quarteirão da costa, próximo ao Pier, onde há vários restaurantes e próximo ao centrinho com muitas lojas de souvenir, cafés e artesanato.

A cidade em si é linda, toda colorida e com excelente infraestrutura de comércio e restaurantes. É agradavel passear pelas lojinhas até a avenida Nathaniel Maxulli e à avenida Sam Nujoma. O preço dos souveniers lá é incrivelmente melhor que os demais locais que visitamos no país, vale a pena bater perna!

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Centrinho agradável de Swakopmund.

Retornando à nossa experiencia, primeira coisa que fizemos ao chegar na cidade foi adquirir nossa permissão para visitar Moonland, que faríamos logo no próximo dia de manhã. Isto é comprado por NAD60/pessoa + NAD10 do veículo em alguns Tourist Offices de Swakopmund (pergunte ao seu hotel ou passe no escritorio da NWR na esquina  da Bismarck St. com Sam Nujoma Ave).

Após isso, decidimos dar uma volta no pier. É uma região bem bonita, com muitas flores e a sempre agradavel areia da praia e barulho do mar. Como fomos no inverno (final de setembro) e estava frio, não haviam ninguém nas areias e o mar também parecia bem agitado. Demos uma caminhada no pier, de onde pudemos apreciar a beleza da cidade. Logo à leste, após às ultima casas coloridas, já podia ver as dunas do deserto que circunda a cidade, uma vista realmente muito bonita!

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Vista da cidade lá do final do Pier!

Após isso, decidimos passear pelas lojinhas que mencionamos acima e pelo centrinho bem europeu da cidade, aproveitando também os mercados da cidade para nos reabastecer. Já a noite, finalizamos nossa estadia em Swakopmund indo a um restaurante.

Dica: jantem no Kücki’s Pub, comemos um delicioso bife de Oryx acompanhado de batatas e salada de batatas, regado a um bom vinho sul africano.  Outro restaurante que não fomos, mas vimos várias recomendações é o The Tug, na beira do Pier, com uma vista incrível (é o símbolo da cidade, mas precisa ser reservado com antecedência!).

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Aqui vai encontrar mistura de culinaria africana e alemã!

Para quem curte esportes radicais e tem tempo/grana, Swakop é um lugar que oferece ótimas opções, como quadriciclo, sandboard, paraquedismo e tour aéreos polo deserto. Super vale a pena, o encontro de dunas com o mar deve ser fenomenal visto de cima!

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E o deserto morre no mar!

No dia sequinte, logo pela manhã (7h30), já com a permissão adquirida, nos dirigimos para a região conhecida como Moonland ou paisagem lunar! O nome já diz tudo, trata-se de uma vale que parece um pedaço da lua na Terra, uma vastidão de beleza muito peculiar!

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Após cerca de uma hora, chegamos ao local e passamos aproximadamente 2 horas na região. Além de alguns pontos de parada para tirar fotos das paisagens, há ainda um oasis e diversas plantas Welwitschia. Nem eu que não sou biólogo me interessei por esta planta (#sóquenao, fui pra agradar a esposa rsrs). A título de conhecimento, tais plantas só existem na Namíbia e Angola e estima-se que alguns exemplares tenham 2.000 anos de idade (sim, uma planta que vive tudo isso!). Apesar de serem biologicamente bem legais, elas são bocado feinhas rsrs.

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Olha só que linda essa planta!

De lá, seguimos por 1 hora até Walvis Bay, local ideal para avistar os Flamingos Rosas. E também nos surpreendemos!

Além de milhares de flamingos espalhados na gigante represa da cidade, ficamos impressionados com a cor vermelha e verde-água da água dos salares e da estrutura para retirada do sal desta região. Vale a pena visitar, considerando que é apenas 1 hora de Moonland e a estrada é, basicamente, o deserto com dunas de um lado e o mar logo do outro lado, simplesmente incrível.

Também passamos cerca de 1h30 no local e quando vimos já era por volta das 12h30 e tinhamos ainda um longo caminho até Sossusvlei (veja aqui). Aproveitamos a estrutura da cidade para comer uma pizza (pode parecer estranho, mas é uma tradição nossa comer uma pizza por viagem) e seguimos estrada!

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Lagoa rosa em um dos salares.
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Flamingos em Walvis Bay

É um caminho bem legal até Sossusvlei, são cerca de 4h30 de viagem, com as paisagens mudando de dunas amareladas, deserto esbranquiçado, canyons secos, vegetação mais esverdeada (Parque Naukluft) até o deserto da Namibia, bem avermelhado. O tempo também passa rapido. A estrada se inicia com sal, parecendo um asfalto, e depois passa a ser apenas terra, com algumas costelas de vaca, mas nada que incomodasse. Sugerimos tomar cuidado com o excesso de velocidade, tentem se manter entre 80km/h (velocidade recomendada) até no maximo 120km/h (com muita atenção). Vimos 2 jipes virados na beira da estrada e certamente é atribuido à velocidade que estavam no sal (dá sensação de conforto do asfalto, mas é mais escorregadio).

No caminho, é claro, paramos para diversas fotos e nos deparamos com pequenas surpresas, como uma arvore com o aspecto de petrificada seguido de uma vista maravilhosa. Fiquem atentos às paisagens inesperadas!

Além disso, ainda neste caminho, cruzamos o trópico de Capricórnio. A placa no acostamento da estrada é parada obrigatória para fotos e para deixar sua marquinha (adesivo, assinatura, etc).

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No caminho para Sossusvlei!

Aqui vale um parênteses: a mudança de paisagens é uma coisa simplesmente inacreditável na Namíbia. Em um único dia é possível ver savanna, mar e deserto ou fazer um safari e dormir em uma cidade “européia”…

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E cruzamos o Trópico de Capricórnio.

Já bem perto do vermelho deserto da Namíbia, chegamos a uma cidade minuscula cheia de encantos (que inclusive tem o único posto de combustível da região): Solitaire. Mas esta já fica para a outra postagem (aqui)!

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Solitaire!

 

Etosha em 3 dias

O Etosha National Park é a principal game reserve do país, com mais de 22 mil km² de pura e inexplorada vida selvagem. A reserva é listada como um dos 10 melhores locais para fazer safari na África, dada a abundância de vida selvagem e a boa estrutura turística.

Poderíamos fazer um post enorme falando de cada aspecto prático do parque (estadia, tempo recomendado, como chegar, etc), mas recomendamos o Guia Melhores Destinos para isso (https://guia.melhoresdestinos.com.br/etosha-national-park-216-6015-l.html) e iremos nos concentrar em nossa experiência. Para ver nossas dicas gerais sobre organização de um safari/ viagem pela África autônoma, clique aqui.

De forma geral, explorar o Etosha é bem simples. O parque é todo sinalizado com blocos de concreto nos entroncamentos das trilhas, nos quais são escritos os nomes das waterholes ou pontos de observação e a distância até eles em km. Acho importante, especialmente se você tiver pouco tempo, mapear as waterholes de interesse e seguir um roteiro, mas é muito mais divertido se perder e simplesmente seguir uma placa cujo nome tenha chamado a atenção. Programe um tempo para isso!!

Ah, e fique atento nessas placas de concreto. As vezes o animal que você passou o dia tentando ver pode estar literalmente em baixo dos seus olhos!! 😉

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Ache o gatinho. Dica: comece pelo rabo.

Outra dica valiosa é trocar informações sempre que possível com outros viajantes. Sempre que for cruzar com outro carro, especialmente fora das trilhas maiores, diminua a velocidade e pare para conversar sobre o que eles viram, de que direção vieram e se vale ou não a visita. Algumas pessoas não serão tão amigáveis, mas outras terão o maior prazer em compartilhar as experiências. Foi desta forma que encontramos todos os felinos que vimos (eles são os reis da camuflagem, quanto mais olhos procurando, maiores serão as chances de encontra-los). Além disso, nos campings há sempre um livro de registros na recepção, no qual as pessoas dizem horário e local que avistaram animais raros (leia, mas não se esqueça de contribuir!).

Além disso: se você ver mais de três carros parados no mesmo local, pare e pergunte o que estão vendo. Fomos no pico da temporada e, mesmo assim, é difícil ter mais de dois carros parados no mesmo local sem um motivo. Aconteceu de estarmos parados, observando um leão se preparando para um ataque, um outro carro chegar, não perguntar nada, observar o local por 1 minuto e ir embora por não ter visto o animal (novamente, gatos foram feitos para se camuflarem!).

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Tem 3 guepardos na foto!

Os portões do parque abrem ao amanhecer e fecham ao entardecer (eles levam isso muito a sério, então programe-se com folga para entrar e sair sem estresse). Chegamos nos portões de entrada ao nascer do sol e aguardamos em uma fila por meia hora para entrarmos. Confesso que achei que, passada a entrada, a estrada (muito bem asfaltada de Windhoek até lá) se tornaria terra e a paisagem mudaria drasticamente, com uma explosão de vida. Mas a estrada continua de asfalto da entrada do Anderson Gate até as portas do primeiro camping, o Okaukuejo.

Ainda assim, aprox. 10 minutos após nossa entrada, nos deparamos com um lindo rinoceronte cruzando a estrada. Muita sorte, nosso primeiro BIG 5!!! Seguimos para o Okaukuejo, onde existe uma central turística na qual deve ser paga a entrada e onde se pode comprar mapas do parque. Paramos para dar uma olhada na famosa waterhole (poça) do camping, mas quase não haviam animais naquele momento (embora ela seja famosa como ponto de observação de rinocerontes). A estrutura do Okaukuejo é, sem dúvidas, a melhor dentre os campings/hoteis do parque (todos administrados pela NWR), mas não conseguimos ficar nele, já que a reserva precisa ser feita com 5-9 meses de antecedência.

De lá, seguimos para explorar a região entre o sul e o oeste do parque. A primeira parada foi a waterhole Okondeka, que é uma poça menos salgada que as demais e que atrai muita vida selvagem. Lá vimos muitos antílopes, zebras e girafas. Ficamos observando a poça por aprox. 1 hora e seguimos na direção do Dolomite camping, parando no Adamax Pan, onde vimos uma horda gigantesca de zebras, andando do ladinho do carro. Seguimos andando na direção oeste por 1 hora, sem ver mais animais ou outros seres humanos (o que nunca é bom sinal). Havíamos lido que este lado é o menos explorado do parque e que seria possível ver animais de forma mais “privada”. Começamos a duvidar um pouco disso e resolvemos voltar. No caminho de volta, fizemos as waterholes entre Okaukuejo e Okondeka, muitas das quais são poças secas.

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Okondeka: herbivoros aproveitando o momento de paz.

Almoçamos um lanche no restaurante do Okaukuejo e paramos para descansar do sol escaldante na arquibancada da waterhole Okaukuejo, onde haviam variados herbivotos na água. De lá, seguimos andando meio sem rumo, parando e desviando o caminho a cada placa de waterhole (Sueda, Salvadora, Rietfontein) que víamos até nosso camping, o Halali.

A caminho da última waterhole do dia, Rietfontein, encontramos aquilo que eu fui procurar na África: um leão. Na verdade foram duas leoas, lindas, com a boca com marcas de sangue do almoço! Infelizmente observamos elas por 15 minutinhos e fomos embora, com o coração partido, já que estávamos atrasados para a entrada no Halali e corríamos o risco de ficarmos para fora…

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Olha só a barriga cheia do leão, só na leseira.

O Halali, cuja waterhole se chama Moringa, é o maior camping do Etosha e, por isso, o mais fácil de se reservar. A estrutura é bem velha e precisa ser reformada, a área de camping literalmente só cabe o carro (nada da privacidade dos outros campings ao longo da viagem), mas ainda assim é melhor que dormir fora do parque. O lado positivo do camping é a sua poça. A Moringa, por ser muito abaixo do nível do camping, atrai muitos animais e é um território muito frequentado por rinocerontes e elefantes (praticamente 2 BIG5 garantidos ficando lá). O ponto de observação conta com um tipo de arquibancada nas rochas bem bacana e o por do sol é deslumbrante!!! Leve um vinho/cerveja e aprecie o cair da noite e a profusão de animais que visitam o local.

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Moringa: a poça do Halali camp!

O balanço do primeiro dia foi: 2 leões, 3 rinos (1 de dia e 2 a noite na Moringa), aprox. 10 girafas, uma manada de zebras, 2 elefantes e centenas de antílopes de todos os tipos.

No segundo dia, caímos da cama cedinho para pegarmos os portões abrindo, já que felinos são mais ativos ao amanhecer, noite e entardecer. Fomos correndo, literalmente, para a Rietfontein ver se encontrávamos as leoas e … lá estavam elas!! Fica a dica: felinos são territorialistas e gostam de rotina, logo, se você viu ou ouviu falar de um felino em dado local, no dia seguinte a chance de encontrá-lo no mesmo lugar é razoável.

Ficamos um tempo apreciando as lindonas e seguimos para a direção leste do parque, sentido Namutoni (outro camping), até a waterhole Springbookfontein, parando em todas as waterholes e pontos de observação do Etosha Pan no caminho.

Algumas waterholes desse lado do parque são legais, com bastante vida animal mesmo com o sol da metade do dia, como as gêmeas Goas. Outras são uma decepção, sem nem mesmo um antílope. De modo geral não gostamos tanto desta parte do parque, as paisagens são maravilhosas, mais com cara de savana africana do que o resto do Etosha, mas é tudo muito distante e passávamos horas sem ver outro ser humano para pedirmos informações e tivemos a sensação de vermos menos animais. Vale destacar que na natureza cada dia é um dia… pesquisamos bastante sobre os territórios de animais em cada uma das poças, mas a teoria e a prática são bem diferentes… Maneje as expectativas.

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As gemeas Goas! Poça com bastante animais, gostosa de observar.

A parte alta da nossa manhã foi o Etosha Pan. O salar é gigantesco, se expande a perder de vista e, ao longe, é comum ver manadas de gnus ou outros animais. É proibido descer do carro no Etosha, mas a natureza chamou bem no Pan, então, já que estávamos fora do carro mesmo, resolvemos arriscar um pouco.

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A imensidão do Etosha Pan!

 

Próximo da hora do almoço, voltamos na direção do Halali e resolvemos dar uma passadinha para vermos as “nossas” leoas na Rietfontein. No caminho, logo ao lado do Halali, avistamos nossa primeira hiena! Paramos para observá-la e fomos avisando as pessoas que passavam por nós. Em retribuição, um guia de turismo nos indicou que havia visto um leopardo a poucos metros de lá. E começou a nossa saga de encontrar um leopardo…

Entendemos que o animal estava 8km na próxima entrada. Como na referida entrada havia uma sinalização de waterhole a 8km, achamos que o animal estaria na poça. Fomos até lá e nada… andamos, rodamos, fomos e voltamos 3 vezes. Até que, ao desistirmos e voltarmos para a estrada principal, vimos alguns carros parados bem na placa dos 8km. Quando nos aproximamos, percebemos que o leopardo estava DENTRO da placa!!! Gatos sendo gatos…

Ficamos lá, parados, na expectativa dele acordar e sair da placa. Era quase 13:00 e estava muito calor, sem duvida nenhuma mais de 40°C. Paramos no sol, do ladinho da placa e lá ficamos por quase 2 horas! Muitos carros iam e vinham, paravam, esperavam 20 minutos e iam embora, mas nós e mais 2 carros ficamos lá firmes e fortes. Passadas as 2 horas, resolvemos comer e tomar água. Fiquei com coração partido de deixar o leopardo. Aquela sensação de que quando eu virasse as costas ele sairia de lá…

Fomos para o Halali e pegamos um lanche no restaurante. Rafa, que me conhece bem, percebeu meu descontentamento e propôs de comermos no carro e voltarmos no leopardo. Aquele medo de chegarmos lá e não vermos mais carros na estrada foi sanado logo de cara, de longe era possível ver a aglomeração de pessoas em torno do gato. Chegamos, estacionamos (conseguimos uma vaga pior que a que tínhamos, mas ok) e, TRINTA SEGUNDOS DEPOIS (nem havíamos desligado o motor), O LEOPARDO ACORDA E SAI… NA NOSSA DIREÇÃO!!!!!! Sério, foi um momento impagável, simplesmente mágico! Fiquei tão eufórica que nem conseguia ligar a câmera! Um dos meus momentos favoritos dentre todas as nossas viagens.

Ele caminhou ao lado do carro e subiu na árvore ao lado da estrada principal e ficou lá, pousando para fotos! Infelizmente, uns 15 minutos depois, começou um vento forte e um chuvisco de verão e ele foi se esconder no mato.

De lá, voltamos para o Halali para pegar mais água e, ao chegarmos, ouvimos uns sons altos vindos da poça. Fomos correndo loucamente e nos deparamos com uma manada de elefantes lindões.

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Bando grande de elefantes no Halali!

Apreciamos um pouco e decidimos ir dar um tchau para as nossas leoas. Chegando lá, mais emoção: a menor, provavelmente a mais jovem, estava em posição de caça, toda escondidinha. Logo ao lado uma familia grande de gazelas e dois Oryx desavisados que andavam tranquilamente em direção à leoa!!! Ela ficava olhando para a leoa maior, que estava deitadona, tranquila. Ela ficou nessa de quase atacar a menos de 10 metros do Oryx até o momento que tivemos que ir embora…

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Leao escondido e Oryx sem noção!

Nesta noite, contratamos um safari noturno no Halali. O safari tinha 3 horas de duração e partia as 8 da noite. Que decepção! O carro foi a 5 km/h, parando a cada centopéia na estrada, LITERALMENTE. Fizemos em 3 horas o trajeto do Halali até Rietfontein, distância que percorríamos de dia em menos de 20 minutos, e sem correr!!! Foi muito frustrante e irritante! No fim, começou a ventar muito, muito mesmo, e a temperatura despencou… passamos muito frio ainda por cima! Vimos um rinoceronte em Rietfontein, dois rinocerontes em Salvadora e 3 hienas de relance nos portões do Halali… Novamente, é uma questão de sorte ou azar, demos azar (não deu nem para reclamar depois de tanta sorte de dia).

O balanço do segundo dia foi: 1 leopardo, 2 leões (os mesmos do anterior, mas tá valendo), 3 rinos, 4 hienas, aprox. 20-30 girafas, algumas manada de zebras e ghinus, uma família de elefantes e centenas de antílopes de todos os tipos. Ou seja, demos a sorte de vermos 4 dos 5 BIG5 em um dia! Vale citar que não há bufalos no parque!

Na manhã seguinte, hora de partirmos. Acordamos cedinho, passamos de Rietfontein para darmos tchau para nossas leoas. Desta vez elas não estavam lá… Masssss, no meio do caminho, logo após passarmos por Salvadora, quando nem estávamos mais atentos a animais, um carro a nossa frente freou bruscamente. Ao olharmos para frente, nos deparamos com 4 guepardos deitados tomando sol na estrada. Eles nem se incomodaram conosco e os 3 filhotes adolescentes começaram a brincar, correr, miar e fazer gracinhas… um presente de despedida do Etosha para nós.

Como considerações finais, é preciso destacar que o Etosha tem motivos de sobra para sempre estar listado nos top 5 locais para fazer safari na África! A estrutura dos campings deixa a desejar, mas as trilhas são muito boas, a sinalização facilita muito a vida e o parque tem  a concentração ideal de pessoas mesmo no pico da alta temporada. Além disso, por ser uma reserva em um país cheio de desertos e já bastante civilizado (diferentemente da Botswana, que basicamente é composto só por reservas), os animais se concentram no Etosha e permitem que 4 dos BIG5 sejam vistos em um dia!

Ah, e saindo um pouco do tema, a meio caminho entre o Etosha e Rundu existe uma atração turística interessante para dar uma paradinha: o METEORITO HOBA. Ele é enorme, sendo o maior da Terra!!!! Estima-se que pese cerca de 65 toneladas e nunca foi motivo do local de onde caiu. É bem legal poder tocar um objeto que veio do espaço!