Capitólio: roteiro de 3 dias

Capitólio, em Minas Gerais, é uma cidade pequenininha em tamanho, mas que se tornou uma referência nacional em eco-turismo. Por ser muito badalada e postada, me perguntava se a cidade realmente era estonteante ou se as fotos que via nas redes sociais eram carregadas de efeitos de cor. Para minha felicidade, posso afirmar que sim, as fotos fazem jus ao local!

Antes do itinerário, algumas dicas:

  • Água de cachoeira é MUITO, MUITO fria. Vá preparado psicologicamente e sem frescuras!
  • Cuidado com as pedras, não abuse da sorte e vista-se adequadamente, especialmente calçados. Presenciamos várias pessoas caindo e se machucando por imprudência e pelo uso de sapatos escorregadios.
  • Se possível, evite os finais de semana. São muitas as excursões que vão para passar 1 dia e simplesmente LOTAM a cidade. A diferença é muito nítida e domingo é o pior dia.
  • As cachoeiras são na cidade, mas não são perto umas das outras (a maioria fica a 30-40 km da cidade), então estar de carro é imprescindível.
  • O condomínio Escarpas do Lago é o local mais badalado para ficar. Eu achei meio longe de tudo. Prefira ficar mais próximo ao centro.
  • A cidade está surfando na onda do turismo, então não espere encontrar nada baratinho.
  • Atenção ao céu! Quando chove nas redondezas, o volume de água das cachoeiras pode aumentar repentinamente, a chamada tromba d’água, um fenômeno comum e muito perigoso.

DIA 1:

Chegamos na cidade por volta das 9:00 e já paramos na ponte do Rio Turvo, de onde saem os passeios de lancha pela represa de Furnas e para os famosos cânions, que são o principal diferencial da cidade. Nossa ideia original era fazemos o passeio de 4 horas de duração, mas acabamos optando pelo passeio mais usual e mais oferecido: o passeio de 2 horas. Ambos passeios passam pelos mesmos pontos, mas o passeio mais curto é mais corrido, com paradas em 30 minutos em cada local apenas. Custo: 70,00/pessoa.

A primeira parada foi a cachoeira Lagoa Azul, a qual pode ser acessada por terra também (nesse caso com direito à visitação da parte superior da cachoeira, a qual é necessário pagar 30,00 – não vale a pena pagar para subir no passeio de barco, cuja duração é pequena – vale mais a pena pagar o acesso por terra em separado e ficar no lindo poço da cachoeira o tempo que quiser). O local conta com um bar e a cachoeira tende a ficar bem cheia. Nota: lemos em muitos blogs que era possível acessar o poço chegando de barco sem pagar a taxa, na cara de pau, mas no dia que fomos, haviam seguranças.

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Lagoa Azul e sua bela água amarelo-esverdeada.

 

A segunda parada foi a cachoeira dos canions de Furnas. Ela é enorme, a mais alta que vsitamos na cidade, mas seu volume de água não é tão grande, o que permite nadar e ficar em baixo dela. Os canions são lindos, com um contraste de cores das pedras amareladas e alaranjadas com o verde esmeralda da água. Infelizmente os canions são bem pequenos, visita-se tudo em menos de 5 minutos. Como já tínhamos visitado os canions do São Francisco (kilometros infinitos de canions), achamos apenas ok.

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De lá seguimos para a cachoeira Cascatinha, na qual não se mergulha. Quando fomos o nível da água estava baixo e não pudemos nos aproximarmos e tomarmos o tradicional banho de cachoeira dentro do barco.

Seguimos para uma passagem rápida pelo vale dos tucanos, um tipo de braço do lago que contem troncos de antigas arvores submersas. Não vimos nenhum tucano rsrs.

A última parada foi um uma espécie de bar flutuante da cervejaria artesanal da cidade, a Scarpas. A cerveja é boa, bebemos um chopp (8,00), mas é uma típica parada apenas para o barqueiro ganhar comissão, desnecessária totalmente. Se alugar um barco para o passeio de 4h, dispense.

O percurso todo durou 2,5 horas (um pouco mais que o combinado) e é bacana. O passeio é o “must to have” de Capitólio, mas nós 4 (meus pais viajaram conosco) achamos que todas as outras atrações de capitólio são muito mais legais.

É possível fazer o passeio em barcos maiores, do tipo Chalana ou Catamarã, mas não recomendamos.. os barcos são muito lentos e levam muitas pessoas (fazendo com que cada parada seja disputada por muita gente).

Saindo de lá, subimos até o famoso mirante dos canions. O local em si não tem nada de especial, um caminho curto até a ponta do mirante, mas a vista é estonteante, digna de cartão postal mesmo!!! São dois locais principais de foto e ambos apresentam sério risco à vida: não tem nenhum tipo de proteção e o solo arenoso é muito escorregadio. Muita atenção com crianças e com o tipo de calçado escolhido!

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Vista clássica do mirante de Capitólio.

Aproveitamos a parada e fomos conhecer a cachoeira Dicadinha, que fica do outro lado da estrada. Esta é uma das poucas cachoeiras gratuitas da cidade e é uma das menos comentadas, mas é simplesmente maravilhosa. Foi uma unanimidade entre nós em termos de surpresa e diversão!! A cachoeira conta com 10 quedas de água e, quanto mais se sobe, menos pessoas vão dividir a cachoeira com você. É possível subir por trilha ou por dentro das próprias quedas. Subimos por trilha (mais fácil, menos escorregadio) até a 3ª queda e de lá subimos pela água até a quarta.  Não deixem de ir!!! É possível, ainda, ir seguindo a água e passar por baixo da estrada, dando novamente no mirante, onde há mais 2 quedas antes do riacho desaguar canion abaixo (atenção novamente!).

Almoçamos no Restaurante Cozinha da Roça, um dos mais tradicionais da cidade. Comida maravilhosa a um preço condizente. Nos hopedamos nos chales do restaurante aqui nas noites seguintes e recomendamos muito (Chalés Cantinho da Roça, disponível no Booking).

De lá, esticamos para a Cachoeira da Filó, cuja entrada é de graça, e fica seguindo em frente, após a Dicadinha. A cachoeira é bonita, com um volume de água grande e um lago escuro. Já estávamos meio acabados, não deu muito ânimo de mergulhar.

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Filó e seu poço de águas negras.

DIA 2:

Acordamos cedo e fomos no famoso Paraíso Perdido. O local conta com banheiros e restaurante e paga-se 35,00/pessoa para entrada (com estacionamento). Funciona das 8-18h.

Lá, visitamos as 3 cachoeiras que compõe a propriedade e são abertas ao público (existem outras rio acima, mas não são recomendadas pelo alto risco de queda). As 3, assim com as demais, estão localizadas no mesmo rio, sendo quedas derivadas umas das outras. O espaço é muito bem cuidado e o caminho é todo indicado por pegadas pintadas em vermelho das pedras.

É possível nadar no poço de cada uma delas, com centenas de peixinhos coloridos. Dá para passar o dia relaxando, saindo e entrando da água. Mas também é possível fazer tudo com calma em meio período, como fizemos.

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Peixinhos belisquentos!
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Terceira queda do Paraíso Perdido. Do lado direito há uma mini-gruta muito simpática.
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Borda infinita no Paraíso Perdido.

Após nadarmos nas 3 quedas, almoçamos no próprio restaurante do local (por kilo) e demos um pulinho na usina de Furnas, em seu mirante, para dar uma espiada nas turbinas.

De lá, resolvemos seguir para a outra propriedade-parque da cidade: a Trilha do Sol. O local também conta com banheiros e estacionamento, além de uma lanchonete. Taxa de 40,00/pessoa.

São 3 as cachoeiras do local: No Limite, Do Grito e Poço Dourado. Entre uma e outra, você fará uma trilha de 4km, com trechos de moderada intensidade e escadarias. Não é difícil, mas é necessário atenção ao calçado e cuidado com crianças e idosos.

A primeira que fomos, por medo de não termos tempo para todas, foi a mais linda: a Poço Dourado. A trilha para descer é estreita e ingrime e, chegando ao fim, há um rio com algumas formações de poços. Quando cheguei pensei: Sério, só isso?! Mas vi uma plaquinha apontando para a esquerda e seguimos. Fomos andando por uma trilha por dentro do rio, com paredões cada vez mais fechados ao nosso redor e muito verde. A trilha em si é o verdadeiro espetáculo! Ao fim, chegamos na cachoeira, bonita e com um poço gostoso para banho. Mas de fato, a trilha e os paredões, a sensação de estar em um pequeno pedaço perdido e intocado de mundo é que dá o toque especial.

De lá, seguimos para a Cachoeira do Grito. A trilha é mais leve do que a anterior, mas conta com uma escadaria grande para descer. Ela é composta de duas cachoeiras, uma acima da outra. O acesso à de baixo se dá por uma uma trilha muito estreita, margeada por um cabo de aço. Ambas quedas são bem gostosas e, entre elas, há um patamar onde é bacana descansar, tirar fotos, etc.

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Cachoeira do Grito, queda inferior.

Por fim, já quase na hora de fechamento do local, corremos para a cachoeira No Limite. Ela é a mais longe de todas, mas a de acesso mais fácil, por uma trilha plana. Ela tem alguns locais que formam banheiras naturais de hidromassagem, é gostosinho, mas confesso que 10 min são suficientes.

DIA 3:

Como era o dia de ir embora, queríamos uma coisa mais light. Decidimos ir até a Pedreira Lagoa Azul. Má ideia. Uns amigos haviam ido e gostado muito, disseram que o acesso não era fácil, mas era ok.

Sumimos, subimos, subimos, por uma estrada que nem é estrada, é só buraco e areia. Um perrengue. Gastamos 1,5h preciosas para chegar. A vista, confesso, é linda. A pedreira abandonada conta com uma lagoa enorme e de um azul espetacular. Infelizmente, haviam alguns carros com som no último e pessoas fazendo churrasco, bebendo, enfim, uma farofa com baderna. Não somos frescos nem nada, mas não ficamos confortáveis e decidimos que não valia a pena ficar.

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Lagoa Azul: bacana, mas não vale a “viagem”.

Frente ao pouco tempo, escolhemos a Cachoeira do Lobo como nossa última parada em Capitólio.

A cachoeira fica dentro de uma propriedade, que conta com uma pousada. Paga-se 35,00/pessoa e há banheiros e um restaurante (achamos caro e com opções de comida muito limitadas). Comparado ao Paraíso Perdido e Trilha do Sol, o investimento não vale a pena pelo que oferece.

O acesso à cachoeira é por uma trilha margeando o rio e leva uns 15 min para ser percorrido. a cachoeira é a mais volumosa que vimos na cidade, com uma queda bem bonita. O poço fica profundo a 2 passos da margem e a água é bem violenta.

Ficamos uns 40 min apreciando a vista e decidimos voltar. Na volta, resolvi ir por dentro do rio, deixando a água me levar. A água encobria as pedras, e fui batendo e me raspando em alguns pontos, mas estava ok. Até que ouço um barulho mais forte de água e pergunto ao Rafa se tinha uma queda à frente. Ele olha, começa a rir (nunca é bom sinal) e confirma. Comecei a tentar sair, mas o rio me puxava muito, fiquei meio desesperada e me arrastei até uma pedra e fiquei esperando o Rafa me salvar rsrs.

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A forte Cachoeira do Lobo

Em resumo, Capitólio vale muito a pena!!! As cachoeiras são lindas, os mirantes são espetaculares e é um programa muito legal para se fazer em 3-4 dias!

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Mais uma vista linda do Mirante!

 

 

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