Inle lake

Inle é um grande lago de água doce entre montanhas na região de Taunggyi, no Myanmar. A cidade base para visitar o lago é Nyaungshwe e o aeroporto de descida é Nyaung U. Do aeroporto, a melhor opção é pedir um taxi para percorrer os 50km até Nyaung Shwe. A corrida vai te custar cerca de K25.000 (~USD 20) e leva 45 minutos.

No caminho, você vai precisar pagar uma taxa extra de acesso à área turística do lago de USD 20 – guarde o ticket que receber, pois ele pode ser pedido posteriormente. Curiosamente, quando fomos parados na barreira para pagarmos, o policial que nos atendeu perguntou de onde éramos e, ao falarmos que somos brasileiros, ele já abriu sorrisão e começou a tentar falar em inglês com Rafa sobre o Ronaldinho. Demos o dinheiro, ele olhou, contou e devolveu tudo! Ficamos sem entender se não era ali que pagávamos, mas depois encontramos um casal de brasileiros (que conhecemos no avião e foram nossos parceiros em Inle – e depois reencontramos em BKK!) que foi parado no mesmo posto e pagou a taxa… demos sorte com o jovem birmanês e sorte porque ninguém nos pediu o tal ticket.

Tiramos dois dias quase inteiros para a região e é o tempo necessário. No primeiro dia, chegamos por volta da hora do almoço e, após comermos, pegamos uma bike no hotel (eles alugam baratinho) e fomos explorar a região, suas plantações, cavernas e a vinícola Red Mountain.

Antes passamos do porto e de algumas lojas para procurarmos um barqueiro para o passeio do dia seguinte. Não feche negócio com qualquer barqueiro, peça indicações ao hotel e tente fechar uma turma com outro casal de hospedes. A dica de ouro é combinar seu itinerário antes de começar o tour. Os preços variam, mas giram em torno de K15-20.000 cada para barcos mais privativos, com até cinco pessoas.

Fomos literalmente sem rumo, passando pelo centro, parando em uma feira e algumas lojinhas. Seguimos mais ou menos na direção da vinícola pelos caminhos entre as plantações e chegamos a uma caverna com algumas estátuas de Buda.

Da caverna, seguimos em direção à vinícola. O caminho é um pouco puxado, com uma subidinha íngreme pelo caminho que fomos (na volta descobrimos um caminho por uma estrada cimentada, bem mais suave e menos inclinado!). A dica é se programar para ver o pôr-do-sol de lá. Você tem a opção de pedir a degustação de quatro vinhos diferentes por K5.000 ou comprar uma garrafa inteira a partir de K10.000. O local é bem agradável, definitivamente vale a pena.

A noite fomos a um restaurantezinho indiano (Inlay Hut Indian Food) na esquina do hotel. O dono adora rap (louco pelo Eminen, bem maluquinho e receptivo) e o local é bem descolado. A comida é mara!!!

No dia seguinte fomos ao passeio pelo lago! Fechamos um passeio das 8:30 às 17:00 e dividimos com o casal de brasileiros que conhecemos no dia anterior. O “x” da questão é que o barqueiro com o qual fechamos, o qual falava perfeitamente inglês e concordou em fazermos um roteiro mais diferente que o padrão, era o dono do barco e não o barqueiro que nos acompanharia (e só nos falou na hora, óbvio). Ele mandou um jovem nos levar e o coitado não entendia nem “hi”, que dirá entender onde queríamos ir e o que não queríamos fazer.

Aqui vale uma explicação: o passeio padrão basicamente é um passeio entre lojas. Você para em uma loja de tabaco, uma loja de joias, uma loja de lenços e por ai vai. Além disso, logo na entrada do lago, ficam vários barqueiro fingindo pescar, literalmente só pousando para fotos e pedindo gorjeta e os barqueiros ficam lá um tempão… Não temos essa vibe de ir pingando de loja em loja (todas caras por sinal), então pesquisamos e montamos um roteiro mais alternativo (com algumas lojas sim, mas não tantas!).

 

O que fizemos, na ordem:

Vila Ywama (5 days Market): o mais famoso mercado flutuante fica localizado na Vila de Ywama, a maior de Inle Lake. O local exato pode mudar durante o dia por conta do sol, mas fica sempre próximo da Phaung Daw Oo pagoda. Vale chegar bem cedo, para evitar multidões. Muitos vendedores são da etnia Pa’O, a segunda maior população de Myanmar, facilmente identificados pela sua vestimenta (a roupa tradicional das mulheres Pa’o consiste em um look todo preto, com turbantes coloridos na cabeça). A feirinha de lá é bem legal, uma mistura de feira de alimentos, posto de combustível, peixaria e muito souvenier. A regra é negociar sempre, os preços caem pela metade com muita facilidade. Compramos um pequeno presépio esculpido à mão lindíssimo!

Para chegar lá são quase 1h de barco. Passamos por pescadores (fake e reais, mas os reais com sarrafo mesmo) e também passamos próximos a uma vila construída com a alga do fundo do lago. Lá haviam alguns barcos de homens que coletavam essas algas do fundo e jogavam no barco em um balé interessante, sempre remando com os pés. A atividade de coleta da alga é necessária para evitar sua proliferação exagerada e tambem porque ela é usada como “chão” daquela vila, sendo esta uma tarefa comunitária.

Fábrica de barcos: uma lojinha onde os barcos e cestas de pesca típicas são produzidos. Interessante porque foi onde nos explicaram de fato como é que se pesca com aquela espécie de cesto.

Vilarejo de Nampan: Esse vilarejo é um dos maiores do lago e o ponto alto fica com o santuário de Alodaw Pauk. Várias fábricas ficam ali, mas não vale a parada. O legal mesmo é ir navegando entre os canais e vendo as diferentes casas em palafita e a população seguindo a vida. As cores do local são lindonas.

Fábrica de Seda: a flor de lótus é usada para extração de um tipo de seda vegetal que dá origem a várias peças. Acredita-se que usar uma peça de roupa com essa matéria-prima ajuda a expulsar coisas ruins da sua vida. Eu que amo lenços estava ansiosa para ter uma preciosidade dessas e imaginava que iria ter que pagar um pouco a mais por isso… maaaasss uma peça bem pequena e feita com um misto de linho comum e a seda de lótus (nem é ela pura!) custa um rim e dois pulmões. Para deixar claro, estamos falando de 200 dólares por um lenço que não dava nem para dar uma volta no pescoço. A parada vale a pena, o processo de fabricação é bem bacana.

Phaung Daw U Pagoda (Phaungdawoo Pagoda): em termos de pagoda, essa é a que vale a pena parar em Inle. Conhecida como casa dos cinco budas de ouro por ter cinco estátuas que ao longo dos anos ganharam tantas folhas de ouro que se transformaram em cinco bolotas irreconhecíveis.

Almoçamos em um restaurante que o barqueiro parou (não tivemos poder de escolha). A comida não estava ruim e o preço não era fora do padrão, então ok.

Vila Indein (Inn Thein): parada mais legal do dia, reservar tempo!  Nessa vila você pode visitar algumas das pagodas mais antigas do Myanmar, como Nyaung Oak e Shwe Inn Thein Paya – com suas centenas de estupas (Jungle Stupas) em diferentes estados de conservação. São mais de mil estupas super antigas que vem sendo restauradas aos poucos por doadores de todo o mundo. É possível chegar até as estupas “por fora”, passando por templos mais antigos, ou por dentro de uma espécie de grande corredor coberto com várias barraquinhas de souveniers. Suba por fora e desça por dentro. Indein é longe do centro do lago e não está no pacote comercial padrão, negocie. A paisagem para chegar lá é bacana, com búfalos e pessoas tomando banho nos canais (inclusive na volta estamos caçando nosso barqueiro e eis que ele chega todo molhado correndo – ele estava tomando banho!).

Monastério Nga Phe Kyaung: o mais antigo do lago.  Monastério conhecido como “jumping cat monastery” por causa de um monge que treinava os gatos para pular arcos em troca de comida. Hoje em dia os gatos não fazem mais nada, mas vale a visita.

Fábrica de linho: paramos em uma fábrica de seda/linho na qual mulheres da etnia Karen (mulheres-girafa) trabalham. Essa etnia é natural de Myanmar e foi muito prejudicada e “caçada” ao longo dos anos. Não fomos na comunidade que há perto de Chiang Mai por ouvir coisas ruins a respeito da forma com que são tratados, mas achamos que estando em Myanmar seria uma boa oportunidade. Engano. Haviam duas mulheres e uma criança apenas e elas estavam lá sendo fotografadas. Nada natural, nada ético.

Jardins Flutuantes: Uma das principais fontes de renda do povo é a venda de produtos agrícolas plantados dentro do lago, apoiados em estacas de madeira. Interessante de passar.

Os pescadores de Inle lake: os famosos  “pescadores bailarinos” de Inle hoje pescam com redes em sua maioria. Mas eventualmente é possível ver alguns pescando de verdade com os cestos tradicionais ao cair da tarde. Já quase no fim do dia, acabamos encontrando um e ficamos observando-o enquanto víamos o sol cair.

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