Deserto da Namíbia – Solitaire, Sesriem e Sossusvlei

O deserto da Namíbia é certamente um dos lugares mais incríveis que visitamos! É imperdível e tem que ser encaixado em qualquer roteiro!

Com mais de 55 milhões de anos (o mais antigo do mundo!), o deserto da Namíbia possui uma diversidade de elementos que o torna único! O contrataste de cores é o primeiro ponto que chama atenção: a areia tradicional branca do deserto de repente some e dá lugar à magnífica areia vermelha (se não acreditar, olhe as fotos ;)), que formam dunas gigantescas, nas quais é permitida a subida (ou a tentativa rsrs, já que essa não é uma tarefa fácil).

IMG_9360
Rafa e as dunas 😉  Vejam o contraste da areia vermelha das dunas e a areia normal do solo.

A mais alta delas chega a 325m de altura! Apenas como uma referencia, o Empire State em Nova Iorque possui 383m! Relataremos esta experiencia logo mais abaixo!

No meio deste contraste de cores, ao caminhar pelas dunas, é possível também encontrar um dos mais belos animais africanos: o Oryx, animal símbolo do país. Pois é, não nos perguntem o que ele está fazendo ali, mas nos deparamos com um bom número deles vagando por lá.

 

A macro-região onde há a entrada do parque nacional (Parque Namib-Naukluft) e as principais dunas é chamada Sesriem. Uma vez no parque, a principal área de dunas é conhecida como Sossusvlei. E é escondido entre as dunas de Sossusvlei que se encontra um dos locais mais incríveis não só da Namíbia, mas do mundo: o salar Deadvlei! E não bastasse tudo isto, é nas proximidades deste deserto que nos deparamos com a cidade mais charmosa da África, Solitaire.

Mas vamos por partes…

Viemos para Sesriem a partir da também belíssima cidade litorânea de Swakopmund, levando praticamente o dia todo de viagem, mas passando por diversas atrações (veja aqui)!

Chegamos em Solitaire por volta das 17h00 . Puro charme! Uma micro-cidade composta de um posto de combustível, uma pousada, uma padaria e diversos cactos e carros antigos abandonados! Presa fácil para as lentes de nossa Canon com a luz alaranjada do por do sol! Além de super charmosa, a cidade é uma parada obrigatória, já que tem o único posto de gasolina no raio de 200km e é lugar com a melhor padaria de toda viagem, a Mc Gregor’s Bakery, com a torta de maça mais famosa do país.

IMG_0124
A cidade toda em uma foto: lodge, posto e padaria!
IMG_8761
Padaria delícia!
IMG_8757
Carros antigos abandonados dando charme à cidadezinha!

Neste dia, decidimos dormir 30 minutos depois de Solitaire e cerca de 40 minutos do portão de Sesriem, em um leito de rio seco chamado Agama River Camp, onde durmimos logo ao lado de alguns Oryx e um chacal. Recomendamos!

No outro dia, seguimos então ao tão esperado dia em Sesriem e Sossusvlei!

Dica: Para pegar o famoso nascer do sol do pico de alguma duna, é necessário dormir no Sesriem Campsite, dentro do parque, já que é impossível entrar na reserva e chegar à duna antes dos primeiros raios de sol. No verão (Setembro a Março), o portão abre as 6h00 e no inverno abre por volta das 06h45.

Em termos de estrutura, é possível ficar dentro dos portões do parque em um camp/lodge coordenado pela NWR (Sesriem Camp). Tal como os campings gerenciados por eles no Etosha, a estrutura precisa ser revitalizada com urgência… além disso, a área de camping  fica em um areião fundo, no qual é necessário acionar o 4 x 4.

Chegamos nos portões por volta das 09h00 e seguimos a uma atração menos visitada, mas que vale a pena: o Sesriem Canyon.

O local é um canyon estreito e profundo, no qual é possível descer e caminhar (embora mal sinalizado… chegamos antes que qualquer outra pessoa e ficamos meio perdidos se era ou não o local certo e como descer para o leito). Passeamos e aproveitamos a tranquilidade deste lugar por cerca de 1 hora. O destaque é as fendas que se fecham em algumas regiões e permitem a entrada de poucos raios de sol.

IMG_8796
Olá sombra

IMG_8808IMG_8804

Seguimos deserto adentro para a região das dunas vermelhas e salares! Das dezenas de dunas no local, destacam-se: Ellim Dune, Dune 45 e a area de Sossusvlei composta pela Big Daddy, Big Mamma e Deadvlei. Cada uma tem seu próprio charme e recomendamos passar em todas elas.

Iniciamos a jornada seguindo direto a Sossusvlei! As estradas são asfaltadas dentro da reserva até à entrada de Sossusvlei, onde a diversão começa! O 4×4 a partir daqui é obrigatorio e percorremos cerca de 5 divertidos kms de areia funda. Não dêem bobeira, acelerem de modo constante, desviem dos carro atolados, e não terão problemas.  🙂

Dica: Se não tiver 4×4, não se preocupe, há transfers pagos de locomoção ou se preferir, caminhe cerca de 40 minutos (chegue cedo, fazer caminhada no deserto ao meio dia não é legal).

De lá, caminhamos debaixo de cerca de 40ºC no deserto passando por alguns pequenos salares até atingir o famoso e magnifico Deadvlei, composto de inúmeras acácias pedrificadas e cercado por dunas gigantescas. O lugar é fantástico, muito fotogênico, uma verdadeira pérola escondida em um deserto que por si só já é único e magnífico!

IMG_0042

IMG_0053
Deadvlei!  *.*

Depois de pensarmos e repensarmos, afinal eram 13:00 e estávamos com sede, calor e fome, decidimos subir a duna. E nada mais, nada menos que maior duna do lugar e uma das maiores do mundo: a Big Daddy! É claro que nem nos nossos sonhos iriamos até o ponto mais alto dos seus 325m, mas atingimos o seu topo intermediário e caminhamos uma ou duas centenas de metros nela até pararmos para deslumbrar aquela paisagem. Cercado por salares, as arvores mortas do Deadvlei pareciam insignificantes lá de cima. Imperdível! Tome coragem e suba!

IMG_9127
Olha isso! S2

IMG_9177

Mas a fome e o sol chegaram ao limite e retornamos ao carro onde fizemos um lanchinho. Diga-se de passagem, foi o único lugar da Namíbia que fomos explorados. Um gurda do parque decidiu fazer uma inspeção em nosso frigobar e decidiu confiscar nosso presunto e uma coca-cola… rsrs

De lá, seguimos entre as dunas até a nossa próxima parada, a duna 45! Ela possui este nome por esta a exatos 45km do portão de entrada da reserva de Sesriem (por isso que disse que é impossível ver nascer do sol lá de cima se não dormir dentro de Sesriem) e, assim como a Big Daddy, possui paisagens espetaculares para qualquer lado que se olhe do topo dela.

 

Levamos cerca de 40 árduos minutos para subir até um local que achamos adequado para sentarmos e aproveitarmos a próxima hora de cara para o vento, só relaxando e curtindo as paisagens. Muito mais divertido do que subir, é a hora de descer em que brincamos de escorregar, pular, correr nas areias vermelhas até atingir a base novamente.

IMG_9372
Vejam o tamanhozinho dos carros lá na base!
IMG_9386
Inclinação absurda!

Já por volta das 16h00, fomos conhecer nosso local de camp à beira do deserto. Mais um da rede NWR,  não possuia lá as melhores estruturas, tudo meio antigão, mas nos propiciou um momento especial à noite: uma briga de gazelas machos, com direito a diversas cabeçadas e uma perseguição alucinante dentre os camps.

Aah, mas antes desta briga, ainda deu tempo para ir a Ellim Dune! A cerca de 5km no camp, decidimos subir até o seu topo para apreciar o por do sol com uma bela garrafa de vinho. O inesperado foi que demoramos cerca de 1 hora de subida na areia fofa (pensamos que seriam poucos minutos de caminhada). A vista é ok, mas o por do sol não é tão espetacular como deve ser da Duna 45 (ficamos com medo de não dar tempo de chegarmos ao camping antes do fechamento dos portões, deveríamos ter arriscado).

IMG_0106
Por do sol na Ellim Dune.

No próximo dia, haviamos planejado de acordar as 04h00 para seguir para a escalada na Duna 45 para apreciarmos os primeiros raios de sol do dia transformando a imensidão em vermelhidão (o motivo para termos dicado dentro de Sesriem). Entretanto, fomos surpreendidos por uma rajada forte de vento (a ponto de ficarmos com medo da barraca voar do topo do carro) neste horário e consideramos que não teríamos condições de caminhar até o topo, abortando a missão. Fica para a próxima.

IMG_0021
Se um ventinho de nada faz isso, imagina o vendaval.

Neste dia, nosso destino era qualquer lugar próximo à fronteira da Botswana, nosso próximo destino! Mas antes disso, passamos novamente em Solitaire com um proposito: tomar um delicioso café da manha na Mc Gregor’s Bakery! Capuccinos e deliciosos doces fazem parte da bancada da pequena padaria, mas foi a tradicional torta de maça que forrou muito bem nossos estômagos. Uma das melhores coisas que comemos na África, e olha que não gostamos de torta de maça!

IMG_9398
Melhor torta de maça da vida!

Foram dois dias de paisagens inesquecíveis e que novamente super recomendamos a visita! Assim como o Etosha, é imperdível a visita aqui caso viajem para Namibia!

IMG_0016
Sossusvlei: simplesmente incrível!

Swakopmund, Walvis Bay e Moonland (Namíbia)

Depois da fabulosa região de Twyfelfontein, a tribo Damara e da colonia de focas, seguimos nossa viagem até a pérola do litoral da Namíbia: Swakopmund.

Esta cidade é a segunda mais populosa do país, porém tem apenas 42 mil habitantes! De forte influencia germânica, conta com uma arquitetura que nos transportou à Alemanha! Além disso, o litoral é uma região naturalmente mais chuvosa e fria, o que contribui com o clima de Europa.

Chegamos na cidade no meio tarde e nos hospedamos no Hotel à La Mer, a um excepcional custo-benefício. Acampar foi bem legal, mas confesso que tomar um banho quente, dormir em uma cama de verdade e andar em um chão sem areia (e aquecido! pasmem!) foi muito necessário naquela altura da viagem! É essencial planejar a viagem e incluir 2-3 hotéis no meio do caminho para recarregar as energias.

Este hotel fica a meio quarteirão da costa, próximo ao Pier, onde há vários restaurantes e próximo ao centrinho com muitas lojas de souvenir, cafés e artesanato.

A cidade em si é linda, toda colorida e com excelente infraestrutura de comércio e restaurantes. É agradavel passear pelas lojinhas até a avenida Nathaniel Maxulli e à avenida Sam Nujoma. O preço dos souveniers lá é incrivelmente melhor que os demais locais que visitamos no país, vale a pena bater perna!

IMG_8427
Centrinho agradável de Swakopmund.

Retornando à nossa experiencia, primeira coisa que fizemos ao chegar na cidade foi adquirir nossa permissão para visitar Moonland, que faríamos logo no próximo dia de manhã. Isto é comprado por NAD60/pessoa + NAD10 do veículo em alguns Tourist Offices de Swakopmund (pergunte ao seu hotel ou passe no escritorio da NWR na esquina  da Bismarck St. com Sam Nujoma Ave).

Após isso, decidimos dar uma volta no pier. É uma região bem bonita, com muitas flores e a sempre agradavel areia da praia e barulho do mar. Como fomos no inverno (final de setembro) e estava frio, não haviam ninguém nas areias e o mar também parecia bem agitado. Demos uma caminhada no pier, de onde pudemos apreciar a beleza da cidade. Logo à leste, após às ultima casas coloridas, já podia ver as dunas do deserto que circunda a cidade, uma vista realmente muito bonita!

IMG_8433
Vista da cidade lá do final do Pier!

Após isso, decidimos passear pelas lojinhas que mencionamos acima e pelo centrinho bem europeu da cidade, aproveitando também os mercados da cidade para nos reabastecer. Já a noite, finalizamos nossa estadia em Swakopmund indo a um restaurante.

Dica: jantem no Kücki’s Pub, comemos um delicioso bife de Oryx acompanhado de batatas e salada de batatas, regado a um bom vinho sul africano.  Outro restaurante que não fomos, mas vimos várias recomendações é o The Tug, na beira do Pier, com uma vista incrível (é o símbolo da cidade, mas precisa ser reservado com antecedência!).

IMG_8457
Aqui vai encontrar mistura de culinaria africana e alemã!

Para quem curte esportes radicais e tem tempo/grana, Swakop é um lugar que oferece ótimas opções, como quadriciclo, sandboard, paraquedismo e tour aéreos polo deserto. Super vale a pena, o encontro de dunas com o mar deve ser fenomenal visto de cima!

IMG_8603
E o deserto morre no mar!

No dia sequinte, logo pela manhã (7h30), já com a permissão adquirida, nos dirigimos para a região conhecida como Moonland ou paisagem lunar! O nome já diz tudo, trata-se de uma vale que parece um pedaço da lua na Terra, uma vastidão de beleza muito peculiar!

IMG_8571

Após cerca de uma hora, chegamos ao local e passamos aproximadamente 2 horas na região. Além de alguns pontos de parada para tirar fotos das paisagens, há ainda um oasis e diversas plantas Welwitschia. Nem eu que não sou biólogo me interessei por esta planta (#sóquenao, fui pra agradar a esposa rsrs). A título de conhecimento, tais plantas só existem na Namíbia e Angola e estima-se que alguns exemplares tenham 2.000 anos de idade (sim, uma planta que vive tudo isso!). Apesar de serem biologicamente bem legais, elas são bocado feinhas rsrs.

IMG_8590
Olha só que linda essa planta!

De lá, seguimos por 1 hora até Walvis Bay, local ideal para avistar os Flamingos Rosas. E também nos surpreendemos!

Além de milhares de flamingos espalhados na gigante represa da cidade, ficamos impressionados com a cor vermelha e verde-água da água dos salares e da estrutura para retirada do sal desta região. Vale a pena visitar, considerando que é apenas 1 hora de Moonland e a estrada é, basicamente, o deserto com dunas de um lado e o mar logo do outro lado, simplesmente incrível.

Também passamos cerca de 1h30 no local e quando vimos já era por volta das 12h30 e tinhamos ainda um longo caminho até Sossusvlei (veja aqui). Aproveitamos a estrutura da cidade para comer uma pizza (pode parecer estranho, mas é uma tradição nossa comer uma pizza por viagem) e seguimos estrada!

IMG_0063
Lagoa rosa em um dos salares.
IMG_0053
Flamingos em Walvis Bay

É um caminho bem legal até Sossusvlei, são cerca de 4h30 de viagem, com as paisagens mudando de dunas amareladas, deserto esbranquiçado, canyons secos, vegetação mais esverdeada (Parque Naukluft) até o deserto da Namibia, bem avermelhado. O tempo também passa rapido. A estrada se inicia com sal, parecendo um asfalto, e depois passa a ser apenas terra, com algumas costelas de vaca, mas nada que incomodasse. Sugerimos tomar cuidado com o excesso de velocidade, tentem se manter entre 80km/h (velocidade recomendada) até no maximo 120km/h (com muita atenção). Vimos 2 jipes virados na beira da estrada e certamente é atribuido à velocidade que estavam no sal (dá sensação de conforto do asfalto, mas é mais escorregadio).

No caminho, é claro, paramos para diversas fotos e nos deparamos com pequenas surpresas, como uma arvore com o aspecto de petrificada seguido de uma vista maravilhosa. Fiquem atentos às paisagens inesperadas!

Além disso, ainda neste caminho, cruzamos o trópico de Capricórnio. A placa no acostamento da estrada é parada obrigatória para fotos e para deixar sua marquinha (adesivo, assinatura, etc).

IMG_8670

IMG_8703
No caminho para Sossusvlei!

Aqui vale um parênteses: a mudança de paisagens é uma coisa simplesmente inacreditável na Namíbia. Em um único dia é possível ver savanna, mar e deserto ou fazer um safari e dormir em uma cidade “européia”…

IMG_8720
E cruzamos o Trópico de Capricórnio.

Já bem perto do vermelho deserto da Namíbia, chegamos a uma cidade minuscula cheia de encantos (que inclusive tem o único posto de combustível da região): Solitaire. Mas esta já fica para a outra postagem (aqui)!

IMG_8741
Solitaire!

 

Etosha em 3 dias

O Etosha National Park é a principal game reserve do país, com mais de 22 mil km² de pura e inexplorada vida selvagem. A reserva é listada como um dos 10 melhores locais para fazer safari na África, dada a abundância de vida selvagem e a boa estrutura turística.

Poderíamos fazer um post enorme falando de cada aspecto prático do parque (estadia, tempo recomendado, como chegar, etc), mas recomendamos o Guia Melhores Destinos para isso (https://guia.melhoresdestinos.com.br/etosha-national-park-216-6015-l.html) e iremos nos concentrar em nossa experiência. Para ver nossas dicas gerais sobre organização de um safari/ viagem pela África autônoma, clique aqui.

De forma geral, explorar o Etosha é bem simples. O parque é todo sinalizado com blocos de concreto nos entroncamentos das trilhas, nos quais são escritos os nomes das waterholes ou pontos de observação e a distância até eles em km. Acho importante, especialmente se você tiver pouco tempo, mapear as waterholes de interesse e seguir um roteiro, mas é muito mais divertido se perder e simplesmente seguir uma placa cujo nome tenha chamado a atenção. Programe um tempo para isso!!

Ah, e fique atento nessas placas de concreto. As vezes o animal que você passou o dia tentando ver pode estar literalmente em baixo dos seus olhos!! 😉

IMG_0101
Ache o gatinho. Dica: comece pelo rabo.

Outra dica valiosa é trocar informações sempre que possível com outros viajantes. Sempre que for cruzar com outro carro, especialmente fora das trilhas maiores, diminua a velocidade e pare para conversar sobre o que eles viram, de que direção vieram e se vale ou não a visita. Algumas pessoas não serão tão amigáveis, mas outras terão o maior prazer em compartilhar as experiências. Foi desta forma que encontramos todos os felinos que vimos (eles são os reis da camuflagem, quanto mais olhos procurando, maiores serão as chances de encontra-los). Além disso, nos campings há sempre um livro de registros na recepção, no qual as pessoas dizem horário e local que avistaram animais raros (leia, mas não se esqueça de contribuir!).

Além disso: se você ver mais de três carros parados no mesmo local, pare e pergunte o que estão vendo. Fomos no pico da temporada e, mesmo assim, é difícil ter mais de dois carros parados no mesmo local sem um motivo. Aconteceu de estarmos parados, observando um leão se preparando para um ataque, um outro carro chegar, não perguntar nada, observar o local por 1 minuto e ir embora por não ter visto o animal (novamente, gatos foram feitos para se camuflarem!).

IMG_0040
Tem 3 guepardos na foto!

Os portões do parque abrem ao amanhecer e fecham ao entardecer (eles levam isso muito a sério, então programe-se com folga para entrar e sair sem estresse). Chegamos nos portões de entrada ao nascer do sol e aguardamos em uma fila por meia hora para entrarmos. Confesso que achei que, passada a entrada, a estrada (muito bem asfaltada de Windhoek até lá) se tornaria terra e a paisagem mudaria drasticamente, com uma explosão de vida. Mas a estrada continua de asfalto da entrada do Anderson Gate até as portas do primeiro camping, o Okaukuejo.

Ainda assim, aprox. 10 minutos após nossa entrada, nos deparamos com um lindo rinoceronte cruzando a estrada. Muita sorte, nosso primeiro BIG 5!!! Seguimos para o Okaukuejo, onde existe uma central turística na qual deve ser paga a entrada e onde se pode comprar mapas do parque. Paramos para dar uma olhada na famosa waterhole (poça) do camping, mas quase não haviam animais naquele momento (embora ela seja famosa como ponto de observação de rinocerontes). A estrutura do Okaukuejo é, sem dúvidas, a melhor dentre os campings/hoteis do parque (todos administrados pela NWR), mas não conseguimos ficar nele, já que a reserva precisa ser feita com 5-9 meses de antecedência.

De lá, seguimos para explorar a região entre o sul e o oeste do parque. A primeira parada foi a waterhole Okondeka, que é uma poça menos salgada que as demais e que atrai muita vida selvagem. Lá vimos muitos antílopes, zebras e girafas. Ficamos observando a poça por aprox. 1 hora e seguimos na direção do Dolomite camping, parando no Adamax Pan, onde vimos uma horda gigantesca de zebras, andando do ladinho do carro. Seguimos andando na direção oeste por 1 hora, sem ver mais animais ou outros seres humanos (o que nunca é bom sinal). Havíamos lido que este lado é o menos explorado do parque e que seria possível ver animais de forma mais “privada”. Começamos a duvidar um pouco disso e resolvemos voltar. No caminho de volta, fizemos as waterholes entre Okaukuejo e Okondeka, muitas das quais são poças secas.

IMG_0079
Okondeka: herbivoros aproveitando o momento de paz.

Almoçamos um lanche no restaurante do Okaukuejo e paramos para descansar do sol escaldante na arquibancada da waterhole Okaukuejo, onde haviam variados herbivotos na água. De lá, seguimos andando meio sem rumo, parando e desviando o caminho a cada placa de waterhole (Sueda, Salvadora, Rietfontein) que víamos até nosso camping, o Halali.

A caminho da última waterhole do dia, Rietfontein, encontramos aquilo que eu fui procurar na África: um leão. Na verdade foram duas leoas, lindas, com a boca com marcas de sangue do almoço! Infelizmente observamos elas por 15 minutinhos e fomos embora, com o coração partido, já que estávamos atrasados para a entrada no Halali e corríamos o risco de ficarmos para fora…

IMG_0158
Olha só a barriga cheia do leão, só na leseira.

O Halali, cuja waterhole se chama Moringa, é o maior camping do Etosha e, por isso, o mais fácil de se reservar. A estrutura é bem velha e precisa ser reformada, a área de camping literalmente só cabe o carro (nada da privacidade dos outros campings ao longo da viagem), mas ainda assim é melhor que dormir fora do parque. O lado positivo do camping é a sua poça. A Moringa, por ser muito abaixo do nível do camping, atrai muitos animais e é um território muito frequentado por rinocerontes e elefantes (praticamente 2 BIG5 garantidos ficando lá). O ponto de observação conta com um tipo de arquibancada nas rochas bem bacana e o por do sol é deslumbrante!!! Leve um vinho/cerveja e aprecie o cair da noite e a profusão de animais que visitam o local.

IMG_7765

IMG_7654
Moringa: a poça do Halali camp!

O balanço do primeiro dia foi: 2 leões, 3 rinos (1 de dia e 2 a noite na Moringa), aprox. 10 girafas, uma manada de zebras, 2 elefantes e centenas de antílopes de todos os tipos.

No segundo dia, caímos da cama cedinho para pegarmos os portões abrindo, já que felinos são mais ativos ao amanhecer, noite e entardecer. Fomos correndo, literalmente, para a Rietfontein ver se encontrávamos as leoas e … lá estavam elas!! Fica a dica: felinos são territorialistas e gostam de rotina, logo, se você viu ou ouviu falar de um felino em dado local, no dia seguinte a chance de encontrá-lo no mesmo lugar é razoável.

Ficamos um tempo apreciando as lindonas e seguimos para a direção leste do parque, sentido Namutoni (outro camping), até a waterhole Springbookfontein, parando em todas as waterholes e pontos de observação do Etosha Pan no caminho.

Algumas waterholes desse lado do parque são legais, com bastante vida animal mesmo com o sol da metade do dia, como as gêmeas Goas. Outras são uma decepção, sem nem mesmo um antílope. De modo geral não gostamos tanto desta parte do parque, as paisagens são maravilhosas, mais com cara de savana africana do que o resto do Etosha, mas é tudo muito distante e passávamos horas sem ver outro ser humano para pedirmos informações e tivemos a sensação de vermos menos animais. Vale destacar que na natureza cada dia é um dia… pesquisamos bastante sobre os territórios de animais em cada uma das poças, mas a teoria e a prática são bem diferentes… Maneje as expectativas.

IMG_0025
As gemeas Goas! Poça com bastante animais, gostosa de observar.

A parte alta da nossa manhã foi o Etosha Pan. O salar é gigantesco, se expande a perder de vista e, ao longe, é comum ver manadas de gnus ou outros animais. É proibido descer do carro no Etosha, mas a natureza chamou bem no Pan, então, já que estávamos fora do carro mesmo, resolvemos arriscar um pouco.

IMG_7738
A imensidão do Etosha Pan!

 

Próximo da hora do almoço, voltamos na direção do Halali e resolvemos dar uma passadinha para vermos as “nossas” leoas na Rietfontein. No caminho, logo ao lado do Halali, avistamos nossa primeira hiena! Paramos para observá-la e fomos avisando as pessoas que passavam por nós. Em retribuição, um guia de turismo nos indicou que havia visto um leopardo a poucos metros de lá. E começou a nossa saga de encontrar um leopardo…

Entendemos que o animal estava 8km na próxima entrada. Como na referida entrada havia uma sinalização de waterhole a 8km, achamos que o animal estaria na poça. Fomos até lá e nada… andamos, rodamos, fomos e voltamos 3 vezes. Até que, ao desistirmos e voltarmos para a estrada principal, vimos alguns carros parados bem na placa dos 8km. Quando nos aproximamos, percebemos que o leopardo estava DENTRO da placa!!! Gatos sendo gatos…

Ficamos lá, parados, na expectativa dele acordar e sair da placa. Era quase 13:00 e estava muito calor, sem duvida nenhuma mais de 40°C. Paramos no sol, do ladinho da placa e lá ficamos por quase 2 horas! Muitos carros iam e vinham, paravam, esperavam 20 minutos e iam embora, mas nós e mais 2 carros ficamos lá firmes e fortes. Passadas as 2 horas, resolvemos comer e tomar água. Fiquei com coração partido de deixar o leopardo. Aquela sensação de que quando eu virasse as costas ele sairia de lá…

Fomos para o Halali e pegamos um lanche no restaurante. Rafa, que me conhece bem, percebeu meu descontentamento e propôs de comermos no carro e voltarmos no leopardo. Aquele medo de chegarmos lá e não vermos mais carros na estrada foi sanado logo de cara, de longe era possível ver a aglomeração de pessoas em torno do gato. Chegamos, estacionamos (conseguimos uma vaga pior que a que tínhamos, mas ok) e, TRINTA SEGUNDOS DEPOIS (nem havíamos desligado o motor), O LEOPARDO ACORDA E SAI… NA NOSSA DIREÇÃO!!!!!! Sério, foi um momento impagável, simplesmente mágico! Fiquei tão eufórica que nem conseguia ligar a câmera! Um dos meus momentos favoritos dentre todas as nossas viagens.

Ele caminhou ao lado do carro e subiu na árvore ao lado da estrada principal e ficou lá, pousando para fotos! Infelizmente, uns 15 minutos depois, começou um vento forte e um chuvisco de verão e ele foi se esconder no mato.

De lá, voltamos para o Halali para pegar mais água e, ao chegarmos, ouvimos uns sons altos vindos da poça. Fomos correndo loucamente e nos deparamos com uma manada de elefantes lindões.

IMG_0076
Bando grande de elefantes no Halali!

Apreciamos um pouco e decidimos ir dar um tchau para as nossas leoas. Chegando lá, mais emoção: a menor, provavelmente a mais jovem, estava em posição de caça, toda escondidinha. Logo ao lado uma familia grande de gazelas e dois Oryx desavisados que andavam tranquilamente em direção à leoa!!! Ela ficava olhando para a leoa maior, que estava deitadona, tranquila. Ela ficou nessa de quase atacar a menos de 10 metros do Oryx até o momento que tivemos que ir embora…

IMG_0222
Leao escondido e Oryx sem noção!

Nesta noite, contratamos um safari noturno no Halali. O safari tinha 3 horas de duração e partia as 8 da noite. Que decepção! O carro foi a 5 km/h, parando a cada centopéia na estrada, LITERALMENTE. Fizemos em 3 horas o trajeto do Halali até Rietfontein, distância que percorríamos de dia em menos de 20 minutos, e sem correr!!! Foi muito frustrante e irritante! No fim, começou a ventar muito, muito mesmo, e a temperatura despencou… passamos muito frio ainda por cima! Vimos um rinoceronte em Rietfontein, dois rinocerontes em Salvadora e 3 hienas de relance nos portões do Halali… Novamente, é uma questão de sorte ou azar, demos azar (não deu nem para reclamar depois de tanta sorte de dia).

O balanço do segundo dia foi: 1 leopardo, 2 leões (os mesmos do anterior, mas tá valendo), 3 rinos, 4 hienas, aprox. 20-30 girafas, algumas manada de zebras e ghinus, uma família de elefantes e centenas de antílopes de todos os tipos. Ou seja, demos a sorte de vermos 4 dos 5 BIG5 em um dia! Vale citar que não há bufalos no parque!

Na manhã seguinte, hora de partirmos. Acordamos cedinho, passamos de Rietfontein para darmos tchau para nossas leoas. Desta vez elas não estavam lá… Masssss, no meio do caminho, logo após passarmos por Salvadora, quando nem estávamos mais atentos a animais, um carro a nossa frente freou bruscamente. Ao olharmos para frente, nos deparamos com 4 guepardos deitados tomando sol na estrada. Eles nem se incomodaram conosco e os 3 filhotes adolescentes começaram a brincar, correr, miar e fazer gracinhas… um presente de despedida do Etosha para nós.

Como considerações finais, é preciso destacar que o Etosha tem motivos de sobra para sempre estar listado nos top 5 locais para fazer safari na África! A estrutura dos campings deixa a desejar, mas as trilhas são muito boas, a sinalização facilita muito a vida e o parque tem  a concentração ideal de pessoas mesmo no pico da alta temporada. Além disso, por ser uma reserva em um país cheio de desertos e já bastante civilizado (diferentemente da Botswana, que basicamente é composto só por reservas), os animais se concentram no Etosha e permitem que 4 dos BIG5 sejam vistos em um dia!

Ah, e saindo um pouco do tema, a meio caminho entre o Etosha e Rundu existe uma atração turística interessante para dar uma paradinha: o METEORITO HOBA. Ele é enorme, sendo o maior da Terra!!!! Estima-se que pese cerca de 65 toneladas e nunca foi motivo do local de onde caiu. É bem legal poder tocar um objeto que veio do espaço!