Namíbia: passeando com guepardos

Eu, Camila, sempre gostei muito de animais e sempre quis ver um grande felino na natureza. Quando criança, assisti um documentário que mostrava um grupo de jovens passeando, ao amanhecer na savana africana, com um grupo de leões. Aquilo me fascinou, tornou-se meu sonho.

Assim que decidimos, finalmente, viajarmos para a África, comecei imediatamente a procurar sobre o trabalho de ONGs que se dedicam à recuperação e proteção de felinos. Como quase tudo nessa viagem, não foi uma tarefa fácil encontrar informações e as iniciativas no sentido de proteger esses animais são muito mais escassas do que imaginava.

O maior número de informações disponível era sobre a ONG Lion Encounter, no Zimbabue, a qual oferecia a possibilidade de acompanhar jovens leões em suas caminhadas matutinas diárias. Para minha felicidade, nosso roteiro originalmente passaria a 3h de lá e imediatamente pensei: sucesso, sonho realizado! Maass, resolvi dar uma pesquisadinha mais a fundo e acabei me deparando com muitas informações que atestavam o belo trabalho desenvolvido e muitas outras criticando o caminho de massiva exploração turística que a ONG tem seguido nos últimos anos. Diante da dúvida e da falta de uma referência de peso que desempatasse a questão, resolvi não ir.

Conformada, segui com as buscas sobre outros pontos da viagem e, para minha surpresa, me deparei com alguns relatos de pessoas que haviam visitado ONGs de proteção de guepardos (cheetah) na Namíbia. Ao ler mais, descobri que a Namíbia é o país com o maior número desses animais na natureza e que, embora muito velozes, eles são os felinos mais ameaçados da África, já que são mais fracos que seus parentes e são mais sociáveis e curiosos, o que os torna mais vulneráveis. Felizmente, o governo local incentiva iniciativas de proteção aos guepardos.

Procurando mais sobre essas ONGs, encontrei duas muito bacanas, que realmente desenvolvem um trabalho sério: Cheetah Conservation Fund (em Otjiwarongo) e a Naankuse Wildlife Sanctuary (próximo à Windhoek).

Bom, quem não tem leão, passeia com guepardo! Optamos por visitar a Naankuse por uma questão de logística e também porque os grupos de cheetah walk eram menores. Além disso, lemos relatos de pessoas que agendaram, chegaram lá e acabaram não fazendo o passeio porque os animais não quiseram sair para passear (!), o que demonstra efetivamente que os animais são colocados acima do turismo.

Chegamos lá as 7:00 da manhã e aguardamos até o horário agendado, 7:30, para que um jeep nos pegasse na recepção. Nosso grupo, composto de 10 pessoas, seguiu pela propriedade e, após ~20 minutos, paramos no meio da savana. Descemos do carro e recebemos as instruções necessárias (é proibido tocar nos animais, é proibido tirar selfies, não devemos correr a menos que sejamos orientados a isso, não usar óculos ou qualquer outra coisa na qual os animais possam se ver refletidos e é necessário que a gente ande – afinal, é um cheetah walk!).

Alguns minutos depois, as cheetahs chegaram em outro jeep. Naquela manhã, passeamos com 3 lindas fêmeas adolescentes, cuja mãe foi atropelada e elas vieram para a ONG com poucos dias de vida.

Foi simplesmente de tirar o fôlego ver aqueles três animais magníficos descendo do carro e vindo em nossa direção, passando entre nossas pernas e nos farejando. É um daqueles momentos que você não sabe se fica com medo ou dá risada, ri ou chora!

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Primeiro contato com os Cats na África!

Após deitarem um pouquinho (pousando para fotos as exibidas!), elas se levantaram e começaram a passear pela savana, com o nosso grupo caminhando ao lado delas. Andávamos e parávamos, literalmente imitando os passos delas, por quase 1,5 horas. Foi muito difícil não fazer carinho, elas vinham e se esfregavam na nossa perna… uma tentação!

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Sensacional sim ou com certeza?

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Em um dado momento, elas pararam e passaram um tempo sob uma árvore. Eu estava lá, tranquilamente, fazendo um book fotográfico das duas que estavam na minha frente, com a terceira atrás de mim. Eis que ouço um miado (sim, elas miam como gatinhos) forte vindo da que estava nas minhas costas e as duas na minha frente simplesmente DISPARARAM NA MINHA DIREÇÃO. Meu coração parou! A dupla passou em disparada, cada uma de um dos lados das minhas pernas, em direção a um javali. Apesar do susto, o momento rendeu uma boa história e minha foto favorita da viagem (abaixo).

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Aquela que poderia ter sido a última foto!

Passado o susto, o guia falou que ele iria correr atras delas e que, quem quisesse, podia correr também. Obviamente, Rafa e eu saímos correndo loucamente entre arbustos, arvores e vegetação, afinal, quantas pessoas no planeta podem dizer que já correram atrás de uma cheetah durante uma caçada?! 😉

Infelizmente, elas não conseguiram pegar o porco… #chateada. Após a caçada, já era hora de finalizamos o passeio (duração estimada de 2 horas). Massss, as gatinhas tinham outros planos e não queriam ir embora de forma alguma. Quanto mais o guia chamava, mais rapidinho elas andavam… e mais nós nos divertíamos!

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Fala se não dá vontade de fazer cafuné?!

Por fim, o passeio que tinha previsão de terminar as 9:30, terminou as 11:00! O restante do nosso dia, que consistia em cruzar o país e chegar aos portões do Etosha até o cair da noite, ficou meio apertado, mas, obviamente, valeu muito a pena!!!

Tal como o passeio com os elefantes na Tailândia ,poder ter contato com animais tão magníficos em seu habitat natural foi simplesmente SENSACIONAL, de tirar o fôlego!!!  Entrou na lista de lugares que queremos voltar um dia, sem dúvidas!

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