Sudeste asiático só com bagagem de mão!

Assim que começamos a planejar nossa viagem pelo sudeste asiático, uma coisa ficou clara: teríamos que viajar apenas com uma bagagem de mão de, no máximo, 7 kg.

Por falta de opção, e também por curiosidade, abraçamos o desafio e entramos na vibe do desapego! E ADORAMOS!!!

Por que levar só bagagem de mão? Principalmente porque nosso roteiro incluía muitos voos internos e entre países vizinhos operados por companhias aéreas low cost, que oferecem passagens muito baratas (chegamos a pagar até 10 dólares por voo!), mas, em contra-partida, cobram muito caro para quem quer despachar bagagem. Cada empresa tem suas regras com relação ao peso e ao tamanho da mala de mão permitida, geralmente girando em torno de 53x36x23 cm e 7 kg. A maioria também permite uma bolsa pequena como complementação (tipo bolsa lateral feminina).

Além disso, teríamos que andar bastante com a mala a tira colo, especialmente nos dias que os voos eram no meio da tarde  e já havíamos aprendido na viagem à Europa que uma mala de 15 kg era muito (vide aqui).

Por fim, o terceiro motivo era a vontade de desapegar. Estávamos indo para um destino cuja cultura prega muito a humildade e não a vaidade e queríamos nos preocuparmos com o momento e não com a foto.

ESCOLHENDO A MOCHILA E AUMENTANDO A SEGURANÇA

Uma vez decidido, precisávamos encontrar uma mochila que atendesse as regras. Optamos com comprar duas mochilas de 30 litros da Quechua. Pegamos uma boa promoção na Decathlon e pagamos 120,00 em cada.

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Mochila 30l, semelhante a que compramos.

As mochilas foram uma boa escolha, um bom custo-benefício. Foram muito jogadas e ficaram cheias a ponto de estourar, mas resistiram bravamente e voltaram em perfeito estado, sem nenhuma linha descosturada. Além disso, são bem confortáveis, com suporte nas costas, alças acolchoadas e correias de barriga e peito. Entretanto, ela tem um defeito grave: o modo de fechamento por cordinhas (tipo saco). Se possível, compre uma opção com zíper.

Como essa era a nossa única opção, compramos e depois colocamos a família toda para pensar numa forma de fechar a mochila com segurança. O modo encontrado foi uma gambiarra que funcionou super bem:

  1. Pegamos duas argolinhas pequenas de chaveiro (mas não o tamanho regular, umas um pouco menores) e abrimos;
  2.  Fechamos a mochila e passamos as argolinhas por dentro da cordinha, pelo meio mesmo, uma de cada lado;
  3. Fechamos as argolas com alicate para que ficassem bem firmemente presas;
  4. Fizemos um pequeno picote no local que a corda entra na mochila para que as argolas pudessem entrar no momento de abertura da mochila;
  5. Pronto! É só passar o cadeado por dentro das argolas na hora de fechar.

 

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Gambiarra muito funcional (by mamis <3)

Pesquisamos outras opções para deixar a bagagem mais segura em fóruns e blogs de mochileiros, tais como: capa de mochilão com fechamento por cadeado, capa caseira, feita com tela de galinheiro, retirar a corda e mandar costurar zíper. Achamos que as capas chamavam muito a atenção e que embutir um zíper nos faria perder muito espaço. No fim das contas, ficamos muito satisfeitos com nossa invenção.

Claro que se alguém realmente quisesse abrir a mochila, bastava cortar a lateral ou estourar o cadeado, mas, de forma geral, nós nos sentimos muito seguros na Ásia e essa foi uma preocupação que não tivemos enquanto estávamos lá.

Outra vantagem da bagagem pequena é que você pode, simplesmente, levar a mochila sempre com você, sem precisar colocar no porta-malas de táxis ou bagageiro de ônibus. Isso aumenta ainda mais a segurança e reduz a preocupação.

 

ATENÇÃO ÀS REGRAS

Como não despachamos nada em nenhum voo, precisamos ler as regras de cada companhia aérea sobre o que era permitido levarmos. De modo geral, não é permitido levar aerosóis (inclusive desodorantes e repelentes com esse tipo de tecnologia), objetos cortantes ou perfurantes, explosivos ou inflamáveis (óbvio), armas de fogo ou brancas (óbvio também) e líquidos acima de 100 ml. Todos os líquidos, independente da quantidade de frascos, devem estar dentro de um saco transparente de 20×20 cm e com fechamento.

Nós compramos um saco reforçado, tipo estanque, para levarmos os líquidos, visto que não queríamos que nossas poucas roupas chegassem molhadas e meladas. Entretanto, mesmo seguindo as regras, tivemos uma surpresa em Londres. Lá, mesmo em conexões, todos os passageiros tem que tirar os líquidos da mala e colocar um sacos dados por eles (saquinhos tipo de cozinha, super fracos).

Vimos placas pedindo para colocar os líquidos nos sacos, mas pensamos: “Os nossos estão em um saco até melhor, seguindo as regras, logo, não precisamos… esses sacos devem ser pra quem não trouxe já nos sacos”. Resultado: tivemos que desmontar toda a mala (que estava muito bem organizada por sinal) para duas pessoas super mal educadas da imigração revistarem e colocarem nossos líquidos nos benditos saquinhos. Nessa brincadeira, perdemos nosso protetor solar e quase perdemos nosso repelente (acharam que era aerosol e até explicarmos que focinho de porco não era tomada…). Fiquei bem irritada de ter que refazer toda a minha mala no meio do aeroporto e ainda ver aquelas pessoas abrindo e cheirando todas as minhas coisa e, logicamente, fiquei reclamando com o Rafael. Detalhe: no fim do procedimento descobrimos que uma das fiscais da segurança que estava revistando falava português! #olhaomico #ficadica

 

CHECK-LIST PARA 21 DIAS NA ÁSIA

Documentação: passaporte, certificado internacional de febre amarela, receita de antibiótico, roteiro, passagens aéreas, cópia passaporte e RG, cartão de crédito, seguro saúde.

Higiene: álcool gel, lenço umedecido, escova de dente, pasta de dente, escova cabelo, sabonete de rosto, potinho com condicionador, shampoo em barra (da Lush, maravilhoso, super recomendo), protetor solar (confiscado), protetor solar de rosto, repelente, desodorante, batom e rímel.

Eletrônicos: celular, câmera, carregador celular e da câmera, adaptador universal de tomadas (nem usamos), capa carregadora de celular, pau de selfie.

Outros: caneta, saco estanque, sacolinha para roupa suja, doleira, tolha de nadador, óculos de sol, uma bolsa lateral, lacinho de cabelo e brincos. Sentimos falta de um cortador de unha.

Remédios: Eno, band-aid, remédio dor de cabeça, remédio para infecção intestinal (Azitromicina, receitado por um médico), Dramim (santo Dramim) e remédio para gripe.

Roupas: incluindo o que fomos vestindo

Camila: 1 calça jeans, 2 calças de malha coloridas, 1 short, 1 vestido, 4 blusas, 1 saída de praia (estilo bata, que depois usei como blusa), 1 legging, 2 biquinis, 2 sutiã, 5 calcinhas, 1 havaiana, 1 rasteirinha e 1 alpargata. Além disso, comprei durante a viagem: 1 vestido, 1 camiseta, 1 vestido de festa (vide post aqui), 1 saia longa e 1 blusa de frio.

Rafa: 1 caça jeans, 4 bermudas (duas tipo praia), 2 sungas, 5 camisetas, 1 camisa de manga longa, 1 malha de frio, 1 segunda pele, 6 cuecas, 1 tenis, 1 havaiana, 3 pares de meias. Ele comprou: 1 camiseta (econômico esse menino!).

Erros e acertos da mala:  Lenço umedecido e álcool em gel foram muito essenciais. Sentimos muita falta de um trim (cortador de unha) e de uma blusa de frio grossa para Halong Bay. Poderia não ter levado/usei pouco: a alpargata e a legging.

 

DICAS GERAIS E CONSIDERAÇÕES GERAIS:

  • No fim da viagem, N-A-D-A estará limpo. Entretanto, são muitas as lavanderias que cobram 1 dólar por kilo, então lave tudo no meio da viagem. Havíamos programado para fazermos isso no Camboja, mas o dono da guesthouse que ficamos nos recomendou fortemente a não lavar nada na cidade porque a água é muito salobra e barrenta e mancha as roupas que tenham entrado em contato com protetor solar (ou seja, tudo). Ficamos fedidinhos o resto da viagem.
  • Em nenhum aeroporto vimos ninguém tendo o tamanho e peso da bagagem sendo checada. Muitas pessoas entravam com duas mochilas, ou mochilas/malas muito fora do tamanho permitido. Então, não fique preocupado se a mala estiver com um quilinho a mais no fim (mas não dê sorte para o azar… tente ao máximo ficar dentro das regras, sempre).
  • Como as bagagens não são checadas com relação ao tamanho, é muuuuito comum (quase uma regra) que quem embarcar por último vai ficar sem espaço pra colocar sua mala e ela vai ser despachada (sem cobrar por isso, mas é um transtorno). Por isso a dica de ouro é sempre tentar ser um dos primeiros a embarcar. Além disso, sua mala vai ser muito empurrada e esmagada para outras caberem no compartimento de bagagem, por isso, coloque coisas frágeis na bolsa ou em um local mais seguro.
  • Pessoas viajando para destinos tão distantes apenas com uma mala de mão pequena gera desconfiança nos aeroportos ocidentais (os asiáticos estão acostumados devido as regras das low costs). Recebemos olhares desconfiados em São Paulo e fomos parados em Londres e em Madrid, onde, inclusive, fomos “aleatoriamente selecionados” para fazermos testes de explosivos e drogas. Em Singapura, tivemos que apresentar todas as reservas e todo nosso itinerário de viagem para sermos liberados. Leve numa boa.

 

 

 

Por fim, viajar levando só o necessário e não ter que esperar bagagem VALE MUITO A PENA!  Com certeza pensaremos duas vezes antes de despachar uma bagagem novamente. Foi uma experiência que exigiu despego e jogo de cintura, mas trouxe muita praticidade e agilidade para a viagem. Na dúvida, se joga!!!