Chiang Mai, ao norte da Tailândia, é considerada a capital espiritual do país. E não é para menos, são centenas (isso mesmo, centenas) de templos espalhados literalmente a cada quarteirão da cidade! É templo para todos os gostos! A maior parte fica na antiga cidade amuralhada, chamada de Old Town (onde é bom ficar hospedado também).
Além dos ricos e diferentes templos, a cidade também atrai muitos turistas que procuram passeios “exóticos”, tais como a tribo das mulheres girafa, parques de elefantes pintores/jogadores de futebol e o famoso Tiger Kingdom. Nós desaconselhamos muito fortemente qualquer uma dessas atrações! Praticá-las é contribuir para a prática do turismo exploratório e irresponsável, além de financiar atividades muitas vezes ilegais!
Com relação a tribo das mulheres girafa, a tribo verdadeira fica em Myamar. A pequena comunidade localizada próxima a Chiang Mai é, na verdade, composta por refugiados, e acabou se tornando um zoológico humano devido ao fluxo de turistas. Muitas vezes, as meninas acabam não indo à escola para ficarem em casa, posando para fotos e vendendo artesanatos aos turistas… pessoalmente, acredito que estimular isso não é legal, mas algumas pessoas acham que é uma ajuda válida.
O Tiger Kingdom, por sua vez, é alvo de polêmicas constantemente e a justiça tailandesa já tentou fechar o local uma dezena de vezes sob alegações de maus tratos e tráfico de filhotes! Honestamente, é muita ingenuidade achar que dezenas de tigres são bonzinhos naturalmente, sem estarem dopados. Honestamente, sou apaixonadíssima por felinos e um dos sonhos da minha vida é acariciar um desses animais, mas minha consciência não me permitiu sequer cogitar a hipótese de ir lá.
Já com relação aos parques de elefantes, é necessário escolher com muito cuidado e tomando como base informações confiáveis. Corte logo de cara qualquer lugar que faça shows com os animais (pintura, futebol, malabarismo, etc) e ofereça passeio com cadeirinhas em cima do elefante. Além disso, na última década, depois de dezenas de documentários explicitando a carnificina por trás dos shows com esses animais, proliferaram instituições que visam a proteção e o resgate. Entretanto, atenção! Grande parte desses protetores se aproveitam do rótulo de turismo responsável, mas tratam os elefantes de forma precária e exploratória!!! Pesquisamos muitíssimo antes de optarmos por fazer um passeio desses (vide aqui) e não nos arrendemos: pagamos mais caro, mas saímos de lá com a alma leve, sabendo que não patrocinamos nada de ruim.
Outra consideração sobre a cidade: lemos muitos relatos de pessoas que acharam Chiang Mai muito “pega-turista”, com preços inflacionados, pessoas tentando se aproveitarem dos turistas e perda da identidade cultural. Devido a esses relatos, fomos com expectativas bem baixas. Não sei se demos sorte, mas para nós a cidade foi bem encantadora e acolhedora… então nem pense em tirá-la do seu roteiro com base nessas críticas! Dê uma chance e aproveite para fazer uma imersão no budismo.
Maaasss, depois desse longo e necessário parênteses, voltemos para nosso passeio em Chiang Mai!
Reservamos um dia e meio para a cidade e o tempo foi adequado, embora seja fácil montar um roteiro de mais dias pela cidade.
DIA 1:
Acordamos bem cedo e pegamos uma espécie de caminhonete tuk-tuk (característica de Chiang Mai) em direção ao templo mais importante da cidade, um dos mais importantes de toda a Tailândia, o Wat Phra Doi Suthep. Para chegar até lá, são 30 minutos de carro de muita serra e a forma mais usual é procurar uma dessas caminhonetes e aguardar mais pessoas chegarem em busca do mesmo destino para dividir a corrida (cabem até 10 pessoas por caminhonete e o trajeto ida e volta custa 500 baths – ou menos, depende do horário e poder de argumentação. Como queríamos chegar bem cedo (por volta das 8:00), acabamos pedindo para o motorista levar apenas nós dois, sem esperar outras pessoas.
Indicamos muito fortemente estar lá as 8:00. Pegamos o templo apenas para nós e outras 5-10 pessoas. Deu para curtir cada detalhe e sair quando o local estava começando a lotar. Para chegar de fato ao templo, é necessário encarar uma lindíssima escadaria de mais de 300 degraus, toda ornamentada e com corrimões representando a Naga – a serpente mitológica que protegeu Buda na tempestade. O local inusitado e afastado do templo foi escolhido porque, de acordo com a história, um elefante que carregava um osso de Buda subiu e só parou quando chegou no topo, e lá morreu (cumpriu sua missão).
Uma vez no templo, os visitantes podem escrever no manto dourado que será usado na pagoda principal, receber a benção de um monge e colocar sininhos de vento ao longo do telhado do templo. Outra atração legal é o conjunto de estátuas é uma sequência que representa os 7 dias que levaram Buda ao nirvana. Vale muito a visita!!!
Saímos de lá por volta das 9:30 (já que os motoristas esperam por duas horas) e as 10:00 já estávamos de volta ao Old Town em Chiang Mai.
Como só tínhamos o passeio do Patara as 13:00, resolvemos andar sem rumo pela cidade e ir entrando nos templos que encontrássemos pelo caminho. Infelizmente, não nos preocupamos em anotar os nomes porque achamos que o celular estivesse habilitado para registrar os locais de cada foto tirada, mas o recurso não funcionou muito bem e acabamos sem a informação… Mas também não há segredo: viu um templo, entre para dar uma olhada. Se gostou, fique mais tempo e aproveite (os templos menos famosos costumam tem pouquíssimas pessoas).
Dentre os que lembramos os nomes estão:
Wat Chiang Man que é um dos mais antigos templos da cidade, construído em 1292, um exemplo da arquitetura Lanna, característica do norte da Tailândia. A atração principal do templo é seu chedi dourado rodeado por elefantes esculpidos, característica única do templo. Os detalhes em vermelho no telhado e os entalhes ornamentais de ouro são mais novos que o restante da construção original.
Wat Duangdee que é bem pequeno e modesto. Ele não tem nada de diferente ou único, mas estava enfeitado com umas bandeirinhas coloridas, que são pedidos de oração.
Templo negro minúsculo (nome desconhecido): não temos ideia do nome desse templo, ficava no meio de uma calçada, literalmente! Ele é minúsculo, mas muito diferente de todos os outros por ser pintado em em tom de azul profundo, quase preto, que fazia o dourado brilhar ainda mais. Uma lindeza!
Wat Chai Phra Kiat: outro templo menos turístico e pequeno. Chama a atenção pelos detalhes em verde no telhado e pela imensa fotografia do rei!
De lá, fomos almoçar e seguimos para o inesquecível passeio com elefantes no Patara ❤
Ao voltarmos, tomamos um belo banho para tirar o cheiro de elefante e seguimos bater mais um pouco de perna pela cidade!
Saímos do Old Town e fomos dar uma conferida no famoso Night Market de Chiang Mai! Esse mercado acontece todas as noites, das 18:00-00:00 e fica a aprox. 30 minutos andando do East Gate (nos arrependemos de não pegarmos um tuk-tuk no dia seguinte, porque elefantes+caminhada=pernas doendo demais no dia seguinte).
Esse mercado é bem gigante, começa com várias barraquinhas ao longo da rua e, mais ao fim, há duas galerias gigantescas, uma de cada lado da rua (em uma delas há uma praça de alimentação ao ar livre, estilo feira, bem legal inclusive). Sério, é gigante mesmoooooooo!!! Se prepare para andar mais que mula de padeiro! Entretanto, como tudo na Ásia, o mercado segue o estilo “Same, same… but different”: o que você viu nas 5 primeiras barracas vai se reproduzir pelo resto do mercado inteiro.
Aqui, diferentemente dos outros mercados que conhecemos na Ásia, negociar é um pouco mais difícil, os comerciantes não baixam tanto o valor dos produtos. Depois de revirar o mercado de cima a baixo, garimpamos um porta-passaporte de couro e gravado a mão lindão para dar de presente (não tiramos foto .. =/ ). Achei as roupas de lá bem fracas, se comparadas as das feirinhas de Bangkok, mas haviam mais opções de os óleos de massagem e incensos.
DIA 2:
Como partiríamos para Singapura as 15:00, pulamos da cama bem cedinho e fomos bater perna pelos templos mais famosos da cidade!
Wat Chedi Luang: já abrigou o famoso Buda de Esmeralda, que hoje encontra-se no Grand Palace em Bangkok. O templo é bem bacana, tem um buda reclinado bonito e todo ornamentado com flores. A parte mais interessante do complexo, porém, é a enorme pagoda que foi parcialmente destruída por um terremoto em 1545. No dia da nossa visita, os monges estavam preparando o local para uma celebração e haviam centenas de barbantes saindo do buda em todas as direções, além disso o teto também tinha as bandeirinhas coloridas lindas.
Lá também é comum os monges se oferecerem para conversar com os turistas para aprimorarem o inglês e ensinarem sobre o budismo. Nesse dias eles estavam ocupados com a decoração e não estavam realizando as conversas.. #chatiada
Wat Pan Tao: muito diferente dos outros por ser todo esculpido em madeira teca. É bem menos luxuoso, mas muito exótico e elegante. Dentro do templo, há algumas estátuas de cera de monges sob uma redoma de vidro… é muito bizarro, eles são assustadoramente realistas e o fato de estarem tão protegidos pelo vidro reforça a sensação que são reais! Precisamos dar um google para ter certeza que não eram pessoas mortas! O templo fica praticamente dentro do Chedi Luang.
Wat Phra Singh: um complexo relativamente grande, que conta com um templo principal, casas de monges, templos pequenos e um jardim lindão. Também é importante historicamente, foi construído no século 14 para guardar as cinzas de um rei. Abriga ainda a Lion Buddha, que é a imagem mais reverenciada de Chiang Mai e possui murais e telhados muito ornamentados e bem conservados.
Andamos por mais alguns templos pequenos e menos conhecidos e fomos seguindo em direção ao templo de prata.
Wat Shri Suphan (templo de prata): o templo fica mais afastado, fora do Old Town. Fomos andando, mas recomendo um tuk-tuk. O complexo é composto por um templo tradicional e pelo templo de prata. Esta último é absolutamente magnífico, totalmente diferente de todos os outros! Imperdível!!! O único detalhe é que ele está passando por algumas reformas e, fora isso, mulheres não podem entrar na área interna do templo. Nesse templo também é possível conversar com os monges.
Por fim, almoçamos no The Chef by Thai Chef, um restaurante bem pequenininho, com uma decoração toda moderna, mas com a mais pura e divina comida de rua! O Pad Thai que comi lá foi o melhor de toda a viagem, fechou com chave de ouro nossa passagem pela Tailândia.