De carro pela Europa

Ao planejarmos a nossa Euro trip, consideramos dois meios de transporte a serem utilizados na viagem: trem ou carro.

Claro que há diversas vantagens e desvantagens de cada meio. Em resumo, o trem é muito interessante para quem pretende conhecer as grandes cidades europeias e para quem viaja sozinho, uma vez que o custo de um pacote individual “Eurorail Global Pass” acaba sendo inferior ao aluguel de um carro.

Já o carro é uma opção para aqueles que gostam de flexibilidade. Não é necessário se preocupar com os horários de saída e sempre é possível dar aquela esticadinha naquela cidadezinha que mais gostou. Além disso, para duas pessoas, o preço do carro se aproxima muito de dois tickets (Eurorail) de trem.

O fator decisivo para a nossa tomada de decisão foi a flexibilidade que o nosso roteiro exigia. Como pretendíamos subir os Alpes para esquiar (Langenfeld e Sölden), passear por vilas aconchegantes (Kappl e Feldkirch) e realizar um tour pela Toscana (nesta, o aluguel de carro é item obrigatório!), o carro foi a opção escolhida (e não nos arrependemos em momento algum!). Além disso, o custo de 18 dias de carro acabou saindo praticamente equivalente ao custo de duas passagens de trem + aluguel de carro na toscana. Notem que estamos considerando o gasto com combustível, pedágios e estacionamentos nessa cálculo!

Outra motivação para quem, assim como eu (Rafael), é apaixonado por carros é a excelente malha viária e as belas paisagens européias. Digo, honestamente, que foi um grande prazer dirigir os cerca de 4000 km pela Europa.

Qual carro locar?

Isto depende do número de pessoas e da duração de seu roteiro. Considere um carro hatch se as bagagens não forem muito grandes. Acredite, quando você for a Roma e procurar lugar para estacionar, agradecerá por estar com um carro pequeno.

Outra dica é escolher um carro que seja confortável para toda sua viagem e que seja econômico. Neste quesito, recomendo a locação de um veículo movido a diesel.

Optamos por um Golf VII TDI 1.6L, que atendeu a todas nossas expectativas: muito econômico (20km/L),  confortável e conseguia facilmente enfrentar as estradas íngremes dos Alpes. O preço da diária foi de 35 EUR / dia (final de 2014).

Um detalhe é que a maioria dos carros na Europa não possui entrada USB (e olha que eles são bem mais modernos que os nossos!). Assim, experimente as rádios locais, faça sua própria playlist no smartphone ou grave um CD. Nós havíamos levado um pendrive com várias trilhas sonoras e acabamos um pouco frustrados por não podermos utilizar, entretanto, isso fez com que ouvíssemos as rádios locais, o que acabou criando memórias associativas muito mais interessantes.

Dica: aluguel de carros é igual comprar passagem aérea, quanto maior a antecedência mais barato é!!!

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“Nosso” Golf nos Alpes.

Locadora

Escolhemos a Europcar, pelo singelo motivo de apresentar um carro confortável pelo menor preço. Realizamos a locação pela internet e foi muito simples retirar o carro no nosso primeiro destino (Viena). Foi necessário apenas apresentar a CNH (junto com a  Permissão Internacional)  e pegar a chave do veículo. Solicitaram para andarmos um quarteirão até a garagem da locadora, onde o carro já estava sendo revisado pronto para a viagem. Vale a pena pesquisar também na Avis, Hertz, CardelMar.

Dicas úteis:

– Evite locar o carro em estações ferroviárias e aeroportos (acrescenta-se um valor de cerca de 60 EUR para retirar carros nesses locais);

– Evite locar o carro em um país e deixá-lo em outro (acrescenta-se cerca de 200 EUR na locação de veículo);

– Caso tenha um cartão da Accor Hotels (e caso não tenha peça gratuitamente no site), utilize o site da Europcar/Accor (https://microsite.europcar.com/leclubaccorhotels/) para conseguir descontos na locação;

– Caso tenha um cartão Visa Platinum ou Mastercard Platinum, não é necessário a locação de nenhum seguro adicional (isso vale também para seguro viagem, o que ajuda a economizar um valor considerável). Vale muito a pena conversar com seu gerente e estudar a possibilidade de migrar para um cartão tipo Platinum antes de viajar;

– Consulte os países que sua locadora permite a circulação de veículos (https://www.europcar.pt/termos-condicoes-gerais-de-aluguer);

– Evite fazer locação do GPS (é caro!). Recomendável adquirir um aplicativo para seu Smartphone. Assim, poderá usufruir do seu aplicativo também em uma próxima viagem para Europa. Veja  mais detalhes abaixo, no tópico sobre aplicativos de GPS;

– Alugue correntes de neve durante o inverno, pois na maioria dos países europeus, é obrigatório possuir este item no porta-malas (aprenda a colocar no https://www.youtube.com/watch?v=Wh3gV-nrvaE, ou peça para lhe ensinarem na hora da locação);

Rodovias e pedágios

Trafegamos por 5 países diferentes e a conclusão foi: as estradas europeias são realmente muito boas!

Iniciando pela Áustria, que cortamos Leste-Oeste e Norte-Sul, o limite de velocidade nas auto-estradas é de 130km/h e a velocidade deve ser reduzida conforme a indicação da pista e nos túneis. Estradas secundárias te levam para paisagens fascinantes (vide post sobre Kappl) e, apesar destas estradas menores terem pista simples, são bem conservadas e seguras. Neste país, é necessário a utilização do selo para transitar (Vignette). Entretanto, como alugamos o carro no próprio país, não foi necessário adquirir um.  Me lembro de ter parado em apenas um pedágio (muito barato), que era igualzinho aos pedágio brasileiros (um cobrador pedia por um valor especifico). Outro ponto que surpreende é a educação dos motoristas: absolutamente ninguém trafega acima da velocidade ou fica andando pela esquerda sem necessidade, logo, pratique a sua boa educação e faça o mesmo (lá e também aqui!).

Partindo para Liechtenstein, as estradas são em geral de pista simples. Mas não se preocupe, ande alguns kms e as estradas voltarão a ser duplas. Detalhe: você estará na Suiça.

Na mesma linha da Áustria, as estradas suíças são excelentes. Detalhe para o limite de velocidade que é de 120km/h nas auto-estradas, 80km/h nas pistas simples e 50km/h em trechos urbanos. Atente-se para não tomar multas. Uma experiência interessante na Suíça foi a dirigibilidade na neve. Apesar de ter alugado as correntes de neve, não foi necessário utilizá-las, não senti nenhuma diferença entre dirigir na neve e na chuva. Entretanto, dirija com muita atenção e caso sinta os pneus patinarem, pare e coloque as correntes. Não há pedágios neste país. Mas atenção:

– É necessário adquirir o Vignette (40 francos) para trafegar na Suíça (a multa por não utilização é cara). Em qualquer posto de gasolina próximo a fronteira é possível comprá-lo e basta colar o adesivo no vidro dianteiro de seu veículo;

– Sempre ande com os faróis acesos na Suíça!!!

Já a Itália segue o mesmo padrão de rodovias dos países anteriores. A velocidade na auto-estrada é de 130km/h e os caminhões sempre trafegam pela direita, tornando a estrada muito agradável de se dirigir. Não é necessário nenhum selo (Vignette) para entrar no pais.

Entretanto, você se deparará com vários pedágios. Em geral, você retira um ticket do pedágio (ou um cobrador ou uma máquina eletrônica parecida com as de Shopping Center) logo na saída da cidade em que se hospedou e você pagará este ticket na entrada para sua cidade destino. Ou seja, é muito importante não perder o ticket!!!

Consulte o preço médio dos pedágios das rodovias no site: http://alugueldecarrosnaeuropa.com.br/preco-do-pedagios-na-italia-como-funciona/

Um post especial será feito de como é dirigir na Toscana. Adiantando um pouco, é extremamente gratificante e tranquilo (delicie-se pelas estradas belas da Toscana), mas leve um Dramin no bolso.

Partindo para Hungria, também é necessário a compra do Vignette (10 EUR para 10 dias) na fronteira antes de entrar no país. O limite de velocidade nestas estradas é de 130km/h (mas tive a impressão de que os motoristas dirigem bem acima desta velocidade). Detalhe: nas rodovias de 3 faixas, utilize sempre a faixa da direita quando livre. É muito comum os húngaros se incomodarem com carros trafegando na faixa central (e nem se fale na faixa da esquerda).

Dicas úteis:

– Evite dirigir em grandes centros. Alugue hotéis com estacionamento e opte por se locomover com transporte público da cidade;

– Nas cidades italianas, o transito é caótico e os motoristas são mal educados. Novamente, ou alugue um hotel com estacionamento ou pesquise um estacionamento próximo ao seu hotel para deixar o carro durante toda a estadia. Sério, não se aventure a dirigir em Roma, é dor de cabeça na certa!

– Em todas as grandes cidades, há um parquímetro. Logo que descer do veículo, veja o número da sua vaga (pintado no chão geralmente) e insira o dinheiro no parquímetro escolhendo o número de sua vaga. Em alguns parquímetros, basta realizar o pagamento e a máquina imprimirá um recibo que você deve deixar sobre o para brisa de seu veículo. O valor da hora varia de cidade para cidade, mas na média é de 3 EUR ou menos;

– Vale a pena reservar um tempo antes da viagem para fazer anotações sobre as estradas principais que irá trafegar. Como sabem, imprevistos (como perda do celular) acontecem e é bom ter um plano B.

Placas de sinalização

Procure estudar a sinalização básica de cada país que você irá. Atente-se às cidades italianas nas quais, em geral, é proibido trafegar de carro no centro histórico.

Eu, por exemplo, descobri somente depois de muitos e muitos kms de que as placas brancas com riscos pretos na diagonal significavam “sem limite de velocidade” na Autobahn (Alemanha), o que me deixou com o gostinho de “podia ter aproveitado mais”.

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Placa indicando ausência de limite de velocidade na Autoban.

Outro exemplo da importância das placas e dos planos B foi na Suíça, onde havia uma placa redonda (circulo branco interno e circulo vermelho externo) em uma estrada indicando que esta estava fechada. Nosso espírito aventureiro (só para não admitir a falta de atenção) nos fez continuar na estrada até que deparamos com montes de neve interditando-a. Valeu a pena errar nesse caso!

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Perdidos nos Alpes.

Selos (VIGNETTE)

Vignette Austria: 8.70 EUR por 10 dias (não necessário caso alugue o carro neste país)

Vignette Suiça: 40 francos por um ano

Vignette Hungria: 10 EUR por 10 dias

Sempre é possível adquirir o Vignette em postos de gasolina na fronteira dos países.

Abastecendo o veículo

Isto é uma tarefa bem simples. Na maioria dos postos europeus, não há frentistas. Então, você mesmo terá que descer do carro, pegar a mangueira de combustível (Diesel ou Gasolina) e abastecer o seu carro (haverá um click quando o seu tanque estiver cheio). Você terá então que entrar na loja de conveniência  e dizer ao atendente o valor de seu abastecimento. Dá para acreditar?! Imaginem se fosse no Brasil!

Também, na Suíça, notamos que em alguns postos havia uma maquina de dinheiro/cartão de credito que você tinha que selecionar quantos euros de combustível você pretendia abastecer e o número da bomba de combustível que gostaria de utilizar. Só assim que a mangueira seria liberada para abastecimento (é bastante intuitivo). Outra dica é utilizar as luvas descartáveis que ficam ao lado da bomba para evitar ficar com as mãos cheirando combustível por quilômetros.

Em muitos postos de gasolina, há uma praça de alimentação. Em específico na Áustria, recomendo almoçar um dia nestes postos já que a comida é realmente boa e é uma experiência diferente.

Atenção: a gasolina  é chamada na Itália por Benzina.

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Saladinha nada básica no posto.

Carteira Internacional

A principio, gostaria de dizer que a Permissão Internacional para Dirigir (PID) não é necessária  para quem for fazer uma viagem a Europa. Salva exceções de regra de locação das locadoras (por exemplo, no caso de alugar um carro esportivo, a locadora poderá pedir este documento).

Entretanto, caso seja parado na fronteira, ou por um policial, ou se envolva em um acidente, será muito mais tranquilo apresentar a PID às autoridades.

A PID pode ser solicitada no DETRAN ou POUPATEMPO de sua cidade. No meu caso (Campinas), houve apenas necessidade de levar o CPF e RG (original e cópia),  e pagar uma taxa de R$233,75 (+R$11,00 para envio pelo correio). Chegou em 1 dia útil.

Atenção:

– Sempre leve sua CNH (mesmo que tiver a PID). Sua PID somente é válida em conjunto com CNH.

– A validade de sua PID será a mesma de sua CNH.

GPS

Como mencionado anteriormente, evite alugar GPS em seu veículo.  Recomendo adquirir um aplicativo para seu smartphone (deve ser OFFLINE, não se iluda achando que será fácil encontrar wifi em todos os lugares, pelo contrário). Sendo bem direto, ou compre o aplicativo SYGIC ou TOM TOM. Para decidir qual comprar é simples: veja qual é o mais barato (ambos utilizam o mesmo mapa). Eu optei pelo SYGIC e não tenho do que reclamar.

Dica salva-viagens:

– Compre um carregador de bateria portátil para seu smartphone (ainda mais se você utilizar seu celular também como câmera fotográfica). GPS consome muita bateria e, em trajetos longos, uma carga extra é fundamental. Usei minha capa-carregadora praticamente todos os dias.

Conclusão

Delicie-se pelas estradas bem pavimentadas com paisagens magníficas. Dirigir pelos Alpes e se perde na região da Toscana realmente não tem preço.  Além disso, considere a experiência de dirigir e abastecer o veículo em outro países e explorar aquelas pequenas vilas que encontra em seu caminho.